Friday, April 12, 2013

Dzi Croquettes: em Bandália

Achei digno.

Confesso que passei a maior parte do espetáculo pensando que hoje em dia não tem mais muito sentido re-encenar Dzi ou fazer qualquer tipo de releitura. Os tempos são outros, o público é outro. A nova trupe intercala números de dança - muito bem coreografados - com pequenas esquetes "atuais" que deixam claro que se trata de uma homenagem, e não de algum tipo de pretensão Croquetteana.

Foi ficando over, ligeiramente repetitivo...mas os atores são bons, ótimos dançarinos, alguns excelentes cantores, e engraçados. Valia a pena o ingresso, quase. Sinceramente, eu acho que prefiro assistir a vídeos dos Croquettes originais, ao documentário - que nunca assisti inteiro - enfim, prefiro mesmo as apresentações que foram, de fato, inovadoras, irrevetentes, censuradas, que cativaram o público que viveu o momento da ditadura militar. Eles chegam a comentar do nosso momento de ditadura cultural; realmente, viver de arte no Brasil não tá fácil mesmo, mas acho um tanto forçado dizer isso num teatro do Shopping da Gávea...

Críticas à parte, o elenco é bom. Booom mesmo, sete Boys Magia de alta qualidade, além cantarem e dançarem muito bem. Comecei a gostar mais da peça quando o "líder" - que até então eu não tinha notado ser o Ciro Barcellos - prestou uma homenagem aos ex-companheiros de grupo e anunciou que, dali para o final, eles fariam números dos Dzi Croquettes originais. São danças bonitas, bem coreografadas e engraçadas! 

Achei bonita a intenção do Ciro, a trupe nova está animada e cheia de boa vontade.
Fui com uma expectativa muito alta e não, não achei maravilhoso. Mas é válido, é um grupo que merece ser lembrado (ou, em muitos casos, conhecido!) e homenageado.
Portanto, como comecei, repito: achei digno.

TV Croquette, canal DZI.
Desligo.


P.S.: um VIVA ao figurino deste espetáculo, que espetáculo!

Thursday, March 28, 2013

Georgiana Abramovic



Uma sala. Duas cadeiras, uma mesa, um vaso com flores. Girassóis.

Silêncio. A atriz está sentada em uma das cadeiras e a convenção diz que você deve se sentar na outra. Ficam, então, de frente; cara a cara. Ela abre o olho e te olha. E te olha. E te olha tão profundamente que é impossível não estar inteiramente presente.

Começa o texto. Trata-se de um monólogo preparado por ela, Georgiana Góes, para o Festival Home Theatre. Funciona sempre assim: uma pessoa por vez, durante algumas horas. Ela repete o texto (de 20 minutos aproximadamente) várias vezes ao dia, para várias pessoas diferentes. Umas conhecidas, outras não. Pequenos e grandes gestos de despedida.

O texto é sobre um amor que ela viveu. Um amor que muita gente já viveu, um amor intenso, complicado, sincero, devastador. Um amor de anos. O texto é sobre esse amor e a separação dessas duas partes, que por vezes eram uma. 

Todo o tempo Georgiana preservou a intimidade desse amor, referindo-se sempre pelo pronome Ele. Escrevo assim, com letra maiúscula, não por nenhuma relação com Deus, mas por se tratar do "nome" dessa pessoa. Desse jeito, Ele pode ser o ele dela, o meu, o seu... Ele não é mais a pessoa, mas o amor. O Amor que eu não me sinto segura em dizer que acabou, mas que se despediu. Pequenos e grandes gestos de despedida. O texto dela fala sobre esse momento - que às vezes dura por muitos momentos.

Ela brinca de equilibrista, andando numa corda bamba que separa o teatro da performance. O texto, a precisão das palavras, o controle da atriz; isso é teatro. A presença, a intensidade da presença, a emoção que transborda; isso eu chamo de performance. Digna do trabalho de Marina Abramovic em The Artist is Present, eu diria. Diria, somente, pois não fui ao MoMA presenciar a presença de Marina. Mas fui à Laranjeiras presenciar a presença de Georgiana.

Logo antes de entrar na sala me lembrei da minha mãe e irmã - que assistiram, uma de cada vez, ao ensaio - contando suas experiências. Como aqueles 20 minutos mexeram com elas, com sentimentos intensos que estavam adormecidos. Fiquei nervosa: e se eu não sentisse nada daquilo? Bobagem né, cada um sente o que tem que sentir, não tem que ser igual ao outro. Não me lembrei disso na hora e fiquei ansiosa. Entrei.

Na saída, precisei de um tempo para me recompor. Recompor espiritualmente, mentalmente. Acho que fiquei fisicamente cansada. Uma mulher que estava na organização do evento me pediu para dar um depoimento e não conseguia falar nada, meus olhos lacrimejavam. Demorou dois dias para conseguir transformar em palavras um pouco do que eu senti. Me senti, acho, um pouco mais presente.

Georgiana é muito forte. Muito linda. 

Wednesday, June 13, 2012

O Filho Eterno

A felicidade meio abestalhada é de repente interrompida por uma notícia que o pega de surpresa: um filho. Ele não estava preparado para ter um filho, nem para ser pai. Ter um filho é uma coisa que não necessariamente vem acompanhar do ser pai. Durante nove meses, ele tentou se acostumar com a ideia, mas sempre lhe pareceu algo distante... até chega o momento, ele está na sala de espera da maternidade e não sabe o que fazer.

A ansiedade é de repente interrompida por uma notícia que o pega de surpresa: um filho mongolóide. Sim, porque em 1980 não se usava ainda o termo Síndrome de Down. Bate o desespero, ele não aguenta olhar para a criança e só um pensamento o consola: crianças down vivem menos. É isso, aquele filho iria morrer logo, ele iria consolar a mulher, mas depois a vida voltaria ao normal.

O desespero é de repente interrompido por uma rotina. Aquele filho era real e estava vivo. Precisava de cuidados, como todo bebê. O pai não podia fingir que aquela criança não estava ali. Engoliu a raiva, engoliu a loucura, e seguiu em frente. Aquela criança era seu filho. Seu filho com down. E nada podia mudar aquilo. O tempo foi passando, ele se acostumou. Ele aprendeu a amar aquela criança.

Nunca li o livro O Filho Eterno (Cristóvão Tezza), mas no último dia 12 assisti à adaptação ao teatro (direção de Daniel Herz). A peça é um monólogo de Charles Fricks, da Companhia Atores de Laura, e é uma aula de teatro, uma lição de vida. Parafraseando Roberto Carlos... são tantas emoções! A sensibilidade  dessa peça é uma coisa arrebatadora. Recomendo muitíssimo, devo ver de novo - ir ao teatro se tornou um vício...


Espero voltar em breve aqui e falar dos outros espetáculos.

Friday, May 11, 2012

Papo de vó

Hoje no almoço...


- Você trabalha com o que, minha filha?
- Figurino.
- E está estudando o que?
- Figurino.
- E isso é o que? Figurino? (risos)
- Bom, é... figurino.
- É moda? (em tom retórico)
- Não, é figurino. Moda trabalha com um público alvo, por exemplo, uma marca que vende roupas para adolescentes, de 13 a 18 anos, de classe média-alta e tem lojas na Zona Sul. O figurino trabalha com personagens, pode ser para uma novela, peça de teatro, filme, carnaval, dança, etc.
- É moda, então...
- Não, é figurino. A gente ajuda a contar uma história, compor um personagem.
<cara de quem não entende, mas também não se importa em entender>
- Tá bem, então é figurino. E você está estudando o que?
- Figurino.
- Ah, existe uma cadeira disso?
- Existe uma faculdade.
- Ah, e quando você se formar, se forma em que?
- Figurino. <mais uma vez a cara de quem não entende, como se eu falasse russo> Na verdade me formo em Artes, com habilitação em Figurino.
- Ah... e a Carolina se formou em que?
- Moda. <cara de satisfação ao ouvir a palavra que ela tanto queria ouvir desde o começo> Mas então, vó, te contei que estou mudando a arrumação do meu quarto?



Friday, December 16, 2011

Toca Rauuul 3

Em primeiro lugar, desculpa pela configuração toda errada do blog - o blogspot está com algum problema que eu não consigo mais ajustar nada, só consigo escrever e carregar fotos.

Depois de uma vasta pesquisa da Cacá (minha irmã, mentora e também figurinista - que entrou antes no projeto) sobre as (muitas) fases de Raul Seixas. O elenco principal do clipe (fotos) é o pessoal do bloco Toca Rauuul, a gente tentou deixar eles mais inesquecíveis, de acordo com alguns personagens: o velho de Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, o Carimbador Maluco e alguns mais rock'n'roll, disco ou hippies. Nos preparamos em muitos acervos de amigos para vestir essa galera e a figuração, estava todo mundo num clima anos 70 ou Carnaval (ou os dois juntos!) e as perucas, óculos, bigodes e barbas caracterizando como Raul Seixas. O clima das gravações foi o máximo, super festa, amigos e muita diversão. Agora, com o clipe pronto, estamos esperando a contribuição da galera para que o bloco possa sair nas ruas alegrando o Carnaval 2012. O endereço do site de contribuição está no fim do post, depois do video.

TOCA RAUUUL












http://www.embolacha.com.br/projeto/170-bloco-toca-rauuul/


#Maluco Beleza - Toca Rauuul

Sunday, December 11, 2011

O Patinho Feio na rua de trás

A gente não é nem pato, nem gato, nem cobra, não... a gente é mesmo pássaro ou flor

Quem nunca ouviu esse verso quando era criança? Eu mesma não me lembro de assistir a peça, mas tinha a fita (fita cassete, adoro!) - minha irmã foi uma patinha numa montagem no comecinho dos anos 1990, mas eu era muito pequena e acho que não assisti. Hoje foi o último dia da temporada deles no Shopping da Gávea, que ficou uns bons 5 meses em cartaz. Direção do Bernardo Jablonski com a Fabiana Valor (que fazia também a Mãe Pata) e vários rostos conhecidos do Tablado. Só tenho uma coisa a dizer para todos: parabéns. A expressão corporal dos atores estava ótima, podem todos nascer bichos na próxima encarnação! Especialmente Zé Helou, que fez um galo genial. Palmas específicas também para George Sauma, o próprio Patinho.

O figurino foi muito bem pensado e a solução para representar os animais ficou maravilhosa! Os patos com mangas que caiam fazendo um movimento bonito, o gato chiquérrimo num estilo meiodandy, o galo e a galinha com uma caracterização bem na medida: nem humano e nem bicho demais, e "last but not least" os cisnes, com uma roupa que parecia veludo, um cinza brilhante espetacular. Cenário e iluminação acompanham o sucesso do figurino, assim como direção e atuação. Que bom que eu fui... pena que não posso recomendar, foi o último dia da temporada.


Elenco reunido.

Comadre Pata, Rainha Pata-avó, Mãe-Pata e o Patinho Feio.
Pati, Peti, Piti, Poti e Adelaide! E eu!

Outra boa surpresa de hoje foi a peça Baseado na Rua de Trás, primeira montagem da Outra Cia. de Teatro. Surpresa porque eu caí de paraquedas ali, não sabia de nada - a não ser a participação da Carolina Ferman, que conheci na PUC e nem sabia que é atriz. Boa porque, vamos lá: direção, iluminação e soluções cenográficas excelentes; bom (e original) texto; ótimas atuações, to tentando reviver a peça até agora e lembrar das mudanças repentinas de humor que os personagens passam e como isso foi bem representado. A dica foi de um amigo que insistiu muito para eu ir e fico feliz de poder indicar: essa temporada vai até dia 19/12 (segunda-feira que vem, a peça é de sábado a segunda) no Glaucio Gil (ao lado da Estação de Metrô Arcoverde, em Copa) às 21:00 e é R$20,00 (meia 10,00).




#Nosso Sonho - Claudinho e Buchecha (porque minha infância foi nos anos 90 e eu não tenho vergonha disso)

Sunday, December 4, 2011

Último Azul

A vida é frágil.
O vidro é frágil.
Ao entrar nessa sala, cuidado.
Alguém apertou o pause...


A artista plástica Daisy Xavier brincou com as forças - e com a física - nesse trabalho, intitulado O Último Azul, com suas esculturas de móveis antigos desconstruídos e objetos de vidro azul, num equilíbrio tão perfeito que dá medo. É muito bonito de ver, os móveis e os vidros são estéticamente agradáveis, mas confesso que prendi a respiração em alguns momentos.


A exposição fica até 5 de fevereiro no MAM do Rio de Janeiro.
Fica a dica.


#Girlfriend - Phoenix