Wednesday, September 28, 2011

Em feverê tem carná

Tinha pensado em falar sobre Alice, mas queria falar com uma pesquisa boazinha sobre o filme e o figurino, vencedor merecido do Oscar 2011, então fica pra depois. Ainda to zonza, sem nem saber direito os dias e cheia de pesquisas acadêmicas pra fazer, portanto posts mais elaborados eu vou empurrando com a barriga. Outra que eu vou empurrar um pouco mais é Across the Universe.

Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado. Todo carnaval tem seu fim. Nesse clima Los Hermanos, meio triste-tentando-pensar-em-coisas-boas, não quero falar muito. Vou comentar brevemente minhas fantasias do último carnaval, eu realmente me empenhei. Não reparem, por favor, na qualidade (ruim) das fotos.

Para o bloco Sem Rival: Madonna e David Bowie

Para o Boitatá: Isis (Jodie Foster em Taxi Driver). Essa é bem legal, porque tem uma referência clara e ninguém entende, não é tipo abelhinha, florzinha...

Para o Sargento Pimenta: o hit do carnaval desse ano, Cisne Negro (do filme homônimo).
EU. QUE. FIZ.
Fiz a saia de tule (que inferno!) e costurei as penas na blusa... trabalho do cão, mas ficou demais (a maquiagem nem tanto, por isso optei pela foto de costas).

#Things you call fate - Sondre Lerche

Monday, September 26, 2011

A vida.

Não vim falar sobre figurinos aqui. Nem sobre filmes, não essencialmente. Acho que não cabe aqui entrar em detalhes, e como por enquanto esse blog ainda é off-records, quem tem o endereço deve saber do que eu vou falar. Meu tema de hoje é a perda, que é uma parte tão importante de vida e às vezes a gente esquece.

Pra bom entendedor, meia palavra basta. Pois é, já deu para reparar que eu perdi alguém, uma pessoa muito querida que certamente fará falta. É bom, por um lado, porque o sofrimento acabou. Mas fica um vazio dentro da gente, uma tonteira, um não saber o que fazer... uma vontade de gritar. Lembrei muito da perda da minha avó, em 2009, quando eu tinha outro blog e era assídua. Me fez muito bem escrever, desabafar por ali. Então me inspirei e decidi fazer isso novamente, mesmo não tendo nada a ver com o tema e este sendo, teoricamente, um blog não (tão) pessoal.


Os filmes, que sempre me serviram de apoio na vida, também tratam desse assunto que é tão óbvio, difícil e delicado.
O Rochedo de Gibraltar trata de uma família que se reúne num fim de semana para o aniversário do patriarca, que morre no dia da festa e é descoberto pelos netos, que armam um plano para cremá-lo no mar, como uma antiga tradição viking.
There whole life was the sea, the sea, and their boats. So in celebrating their deaths- yes, you can say celebrating, they used both. The family's of the great Viking would put the body of their loved one on a ship cover it with straw and then as the sun was setting cast it away into the water. They would light huge bonfires on the beach, and then the Vikings would light the tips of their arrows in the bonfire and shoot them at the ship. Ah it must have been so beautiful, fire on the water. Legend has it that if the color of the setting sun, and the color of the burning ship were the same then that Viking had lead a good life, and in the afterlife he would go to Viking heaven. All night long the Viking men, women, and children watched the ship with the body burned in the water. By dawn all that was left was ashes, complete obliteration, carried by the currents to the four corners of the earth, fresh, and beautiful, and vanished completely, like a dream.
Agora e Sempre mostra o reencontro de quatro amigas e narra o último verão que passaram juntas.
Things will happen in your life that you can't stop. But that's no reason to shut out the world.
Peixe Grande e suas histórias maravilhosas é sobre um homem que volta para casa para acompanhar os últimos dias de seu pai, com quem ele nunca se deu muito bem. No universo fantasioso do filme é plausível o fim *spoiler* quando o pai, ao morrer, vira um peixe.
A man tells his stories so many times that he becomes the stories. They live on after him, and in that way he becomes immortal.
Meu primeiro amor é o clássico filme pré-adolescente, sobre a menina de 12 anos que é obcecada com a morte e perde o melhor amigo (o eterno Macaulay Culkin, então com 11 anos) atacado por abelhas.
Thomas J. Sennett: What do you think it's like?
Vada Sultenfuss: What?
Thomas J. Sennett: Heaven.
Vada Sultenfuss: I think... everybody gets their own white horse and all they do is ride them and eat marshmallows all day. And everybody's best friends with everybody else. When you play sports, there's no teams, so nobody gets picked last.
Thomas J. Sennett: But what if you're afraid to ride horses?
Vada Sultenfuss: Doesn't matter 'cause they're not regular horses. They've got wings. And it's no big deal if you fall 'cause you'll just land in a cloud.
Hora de voltar, Garden State no original, mostra a trajetória de um homem de volta para a casa, do outro lado do país, para o enterro de sua mãe. Nessa viagem ele conhece uma menina que sofre de epilepsia (Natalie Portman) que muda sua vida.
I know it hurts. That's life. If nothing else, It's life. It's real, and sometimes it fuckin' hurts, but it's sort of all we have.

Sunday, September 25, 2011

Retaliação/ Melancolia

Eu cismei que Melancolia concorreu a melhor figurino, mas me enganei. Hoje finalmente fui assistir e percebi que, não só o figurino não é nada de especial - não estou desmerecendo o trabalho de ninguém, mas não é mesmo o forte do filme - como eu não fazia a mais vaga ideia do que se tratava. É uma loucura, como qualquer Lars von Trier que se preze, mas muito bom. Tenho uns problemas com Trier desde Dogville, que eu acho o esquema muito interessante, mas não engulo aquele roteiro (o final até que salva, mas acho um filme ruim).

Melancolia, no entanto, recomendo. Não vou nem tentar dizer do que se trata para não estragar, aos interessados sugiro procurar uma sinopse num IMDB da vida... digo o seguinte: fotografia linda, atores excepcionais, cenário maravilhoso e boas direção (ótimo timing) e trilha sonora.


Achei muito interessante que, antes da sessão, passou um curta - no Cine Jóia é assim, acho uma boa proposta e ainda por cima o ingresso é muito mais barato, fica a dica. A verdadeira história da bailarina de vermelho, de Alessandra Colasanti e Samir Abujamra. Um documentário ficcional, completamente nonsense, divertidíssimo! Só achei o trailer com legenda em inglês, aí está:

Caramuru

Opa, já virou o dia então posso postar de novo - porque uma das coisas que eu achava ruim no Figo com Ricota era que um dia me baixava um santo e eu postava 20 coisas, aí passava dias sem nada, por aí vai... to querendo fugir disso. E começo esse post dizendo que estou mudando também o layout, cansei dos Tabs que não funcionam e ficar dando espaços.

Andei relendo o que eu já escrevi por aqui e resolvi compartilhar o resultado do meu Caramuru. O trabalho era o seguinte: propôr um novo figurino para um personagem do filme e o que foi sorteado para mim foi o próprio, Diogo Álvares. Ele é um português que veio parar no Brasil por acaso, sobrevivente de um naufrágio. Ao disparar acidentalmente uma arma de fogo, Diogo é tido como uma espécie de Deus e reza a lenda que isso ajudou muito no contato entre portugueses e índios. Breve panorama da época, em 3 palavras (ou termos)-chave - fruto do sono e da preguiça de formular frases: Renascimento. Grandes navegações. Descobrimento do Brasil.

O texto abaixo é a Defesa do figurino, tal qual entreguei no trabalho.

Diogo Álvares é um artista português católico. Quando chega ao Brasil e se depara com uma sociedade com costumes completamente diferentes dos seus. Gente sem pudor, que anda nua; com rituais diferentes daqueles permitidos pela Igreja; gente que não vê no canibalismo um problema. Num primeiromomento, ele se espanta, mas após disparar sem querer uma arma de fogo, percebe sua “vantagem” sobre aquele povo. Ele é imediatamente tido como um deus e é batizado Caramuru.

Os elementos de sua indumentária refletem seus valores. Diogo, enquanto português católico, usa um cruscifixo como símbolo de sua devoção à Deus e não consegue andar completamente nu como os nativos tupinambás. As roupas que tinha no corpo quando chegou à ilha não eram adequadas ao clima brasileiro e estavam em péssimo estado, por isso ele decidiu fazer suas roupas com materiais da floresta.


E ele, com muito (?) orgulho. Peço perdão pelo cenário confuso...



#Red hot chili peppers. TV ligada no multishow, na cobertura do Rock in Rio... prefiro estar aqui na calminha da minha casa do que lá na multidão. (:

Saturday, September 24, 2011

Uma doce mentira

Minha intenção hoje era ver Melancolia, que me interessa desde março - quando concorreu ao Oscar de figurino. Estava lotada a sessão, então dei um tiro no escuro e entrei no filme de horário mais próximo. Uma doce mentira, no original De vrais mensonges, foi uma bela surpresa: leve e divertido, mas tratando de um assunto sério. Trouxe uma Audrey Tatou que em nada lembra a Coco Chanel, mas ainda estou confusa quanto às semelhanças com Amélie. Recomendo e gostei da leveza com que o assunto é tratado, me lembrou Juno, Um grande garoto e Educação, que também narram temas sérios de forma extremamente sutil.
A história é o seguinte: Emilie (Audrey) é cabeleireira e tem seu próprio salão, onde trabalha Jean, uma espécie de faz-tudo que é apaixonado pela chefe. Ele um dia a manda uma carta anônima e ela, sem a menor ideia de quem seria o admirador, ignora e resolve mandar a carta para sua mãe, que ainda sofre com a separação do marido. Com isso, Emilie causa uma confusão que se torna uma verdadeira bola-de-neve e acaba se tornando um jogo de mentiras que não pode acabar bem - mas, claro, sendo uma comédia francesa, acaba.
O figurino é bem simples, contemporâneo. Roupas mais coloridas e animadas dependendo do humor do personagem; isso acontecia tanto com Emilie como com a mãe, Maddy, que ganha vida ao longo do filme e sua trajetória é perfeitamente perceptível nas roupas. O clima do salão era bem pushing daisies, com picos de cor como um cabelo laranja, um cinto vermelho, uma roupa verde... e as duas personagens que trabalham com Emilie são bem menininhas, com vestidinhos
leves, estampados, fofys.

Pushing daisies

#Rocket Man - Elton John

Thursday, September 22, 2011

Hola, parte dois

Montevideo 19/09
Colonia 17/09
Colonia 17/09
Colonia 17/09
Iglesia Ortodoxa Rusa, San Telmo, Buenos Aires 16/09
Caminito, Buenos Aires 16/09
Malba, Recoleta, Buenos Aires 14/09
Plaza de Mayo, Buenos Aires 15/09
Plaza de Mayo, Buenos Aires 15/09
Recoleta, Buenos Aires 14/09


#Seu Espião - Kid Abelha

Hola, que tal?

O post a seguir não é relacionado em nada com figurino ou produções, mas explica minha ausência de uma semana antes mesmo do blog ser "lançado" no mundo - que vergonha.
Foi uma ótima semana: viagem de família à Buenos Aires, Colonia del Sacramento e Montevideo. Gostaria de voltar e fazer esse passeio com mais calma, algo mais cultural e menos turistão (comer, andar, comprar). Mas vamos lá, começando do começo mesmo.
Buenos é bem legal, do meu roteiro eu consegui fazer bem pouco, mas valeu super a pena. Teve um passeio não-planejado pela Recoleta, que é um bairro lindo e todo arrumadinho, cheio de parques e tal... eu queria ir no MALBA, mas tava fechado para reforma e só reabria de novo ontem! Mas a andada pela Avenida del Libertador rendeu uma fotos ótimas! Nesse dia voltamos pro hotel (que era no centro) pela Avenida Santa Fé, que é tipo um antro do comércio chique, uma loucura. Mas de compras mesmo o que me atraiu foi a Calle Florida, que tem umas lojas mais legais mas muita coisa mais popular também, lá pras 18h enche de camelôs incríveeeis haha.
Da parte cultural eu consegui ver as Mães de Maio, Caminito e um tiquinho de San Telmo (só é pena que não era final de semana). A manifestação das mulheres na Plaza de Mayo é bem simples, mas emocionante. Elas dão algumas voltas no monumento central da praça, bem agrupadas, com fotos dos desaparecidos enquanto uma pessoa lê num microfone todos os nomes - e a resposta, em coro, é sempre "Presente". Caminito parece de brinquedo, uma ruazinha de lego, sei lá... toda coloridinha e fofa, sensa! E em San Telmo eu consegui ver a igreja que mais me chamou a atenção no guia: Iglesia Ortodoxa Rusa, a primeira da América do Sul. É linda, com cinco cúpulas turquesa e na entrada tinha uma placa dourada e um mosaico de azulejos com figuras bem inspiradas nas bizantinas.
O fim de semana foi numa cidadezinha dos sonhos, a mais antiga da América do Sul: Colonia del Sacramento. Dizem por aí que é a Parati do Uruguai, eu realmente não me lembro de Parati, mas se for 1/3 de Colonia deve ser demais mesmo. O interessante, na verdade, é o centro histórico da cidade e é tranquilíssimo de fazer a pé, e lindo lindo lindo. Encontramos super por acaso uma lojinha de fotografias (espetaculares, aliás) de um gaúcho super simpático, que já está lá há dois anos e quer transformar sua casa em um B&B. Mas o ponto mais alto foi o bistrosinho charmosérrimo Lentas Maravillas, que tem um espaço fechado bem aconchegante e um gramadão com vista para o Rio da Prata. E umas delícias de tortas e sanduíches... aai.
Montevideo foi super rápido, acho que não deu nem 24 horas lá. Almoçamos no Mercado del Puerto, deixamos as tralhas no hotel e fomos bater perna. Como era o último dia de viagem, o foco do dia era achar um shopping e finalizar as compras, mas no caminho deu pra ver a orla da cidade (também é de rio, como Colonia) que é linda e deu boas fotos, as always.

Agora pretendo manter uma certa frequência e fugir menos do tema. Afinal, se bem me lembro das aulas de redação da escola, se fugir do tema leva zero. Vou fazer um novo post para as fotos, porque eu sou meio burrinha e esqueci de carregar tudo antes, e se eu fizesse isso agora ia desconfigurar tudo.
Gracias.


#Le temps de l'amour - Françoise Hardy

Saturday, September 10, 2011

Hair

Uma das décadas que mais me fascina é 1970. A quantidade de referências visuais que eles usavam, a quantidade de estilos... é tudo incrível, do hippie ao disco. Por isso resolvi falar de uma das histórias que também me encanta demais: o musical Hair. Na verdade a peça é de 1968, mas o final dos anos 1960 foi beeem mais pra lá do que pra cá! E mesmo com essa adoração toda, acho que os anos 1970 são o que menos combinam comigo, que sou zero desprendida ou relax... vai ver que é por isso que eu acho tão legal.

A foto é da montagem que teve aqui no Brasil (momento de tietagem, por favor) do Charles Moeller e Claudio Botelho, que pra variar fizeram uma coisa foda e pela segunda vez o meu primo Marcel Octavio participou! (ele é o loiro da foto, com esse colete de gola de pele incrível)
Enfim, a caracterização estava demais e todas as vezes que eu assisti deu uma vontade danada de virar hippie, hahaha. Túnicas com motivos orientais, batas indígenas e indianas, tricots, miçangas, flores, estampas africanas, peles, bordados, franjas e jeans: imagino o trabalho que deu distribuir isso entre 30 atores, que estão em cena juntos quase o tempo todo, de forma harmônica. Não tem absolutamente nada nesse figurino que pareça estar faltando nem sobrando, e Marcelo Pies conseguiu transmitir o ideal hippie muito bem.
O video é a primeira cena do filme Hair, que estreou quase dez anos depois da peça, mas fez muito mais sucesso. E o espírito é o mesmo, essa cena é a essência do filme, é maravilhosa. É uma cena que tem textura...maravilhoso!

#Swan Lake Op. 20, Act III - Montreal Symphony Orchestra

Thursday, September 8, 2011

Meia-noite em Paris

Essa história é sobre um homem que sonhava em viver na Paris dos anos 20. Ou sobre a insatisfação que o homem contemporâneo sente em relação ao mundo. Afinal, em algum momento da vida todos nós já quisemos viver em outra época. O filme é um sonho, absolutamente apaixonante, mas meu propósito aqui é mostrar minha opinião sobre o figurino, não sobre a história.

Os vestidos deslumbrantes usados por Adriana (Marion Cotillard) foram, segundo a figurinista Sonia Grande, garimpados em brechós do mundo inteiro. Ok, então as peças realmente são da época*. Me incomoda no filme o comprimento das roupas.

A década de 1920 foi realmente revolucionária nas artes, desde pintura, escultura e arquitetura até o modo de vestir. Foi influenciada pela silhueta mais solta e leve que Paul Poiret havia “inventado” ainda nos anos 10 e popularizada pela primeira dama da moda mundial, Coco Chanel. Essa juventude vanguardista subiu o comprimento das saias das mulheres, causando imenso choque. Mas “choque” porque as saias costumavam ser longas, até os pés. O novo comprimento dessas saias era, no máximo, abaixo do joelho. Apenas em 1925 algumas mulheres encurtaram mais ainda, para a altura do joelho; não acima.

As roupas lindas usadas por Adriana são todas curtas demais para a época. Talvez fosse intencional, mas minha impressão é que Marion Cotillard é alta demais para usar uma roupa daquele tempo.

* acho muito importante diferenciar os termos “da época” e “de época” – por exemplo, “Moulin Rouge” é um filme de época, mas o figurino não é da época (que, no caso, é o Belle Époque), foi feito para o filme e não garimpado em brechós por aí... foi?


#Rolling in the deep - Adele

Wednesday, September 7, 2011

Caracterização

Muita gente duvida do que caracterização pode fazer por um espetáculo. Se ela é bem feita, serve de apoio para o trabalho do ator... mas se o contrário acontece, pode acabar prejudicando o personagem. Não quero fazer um post grande sobre isso não e assim que der eu juro que posto sobre Meia-noite em Paris. Vou direto ao ponto:

Viúva Porcina (Roque Santeiro, 1985)
Raquel (Vale Tudo, 1989)
Clô Hayalla (O Astro, 2011)
Três momentos marcantes da carreira de Regina Duarte, talvez até os 3 melhores. Optei por falar de personagens que conheço, de novelas que eu vi, se não seria um simples Ctrl+C, Ctrl+V que qualquer um é capaz de fazer. Viúva Porcina é o escândalo, os anos 1980 "em pessoa" e sua maquiagem, cores fortes e suas estampas ela se tornou um ícone. Porcina precisa ser gritante em todos os aspectos, se não seria uma qualquer como a Raquel, que é da mesma década e também abusa das ombreiras, por exemplo, mas a paleta pálida dá o tom chato da personagem. E agora a nova e maravilhosa Clô Hayalla, LOCA demais não seria nada sem esse topete meio hairspray e figurino totalmente kitsch.
E Bruno Gagliasso, que me surpreende cada vez mais. Seus dois últimos personagens, Berilo e Timóteo, foram ajudados pela mão de Deus (ou, de um bom figurinista). Berilo era literalmente um malandro, um "italiano safado" que não gostava de trabalhar e tinha duas esposas - e enriqueceu às custas delas. A blusa aberta e clara, óculos escuros e ocasionais cordões são o must have de qualquer malandro que se preze. Já Timóteo, é nascido em berço de ouro, filho de Coronel do sertão, que ao longo da trama enlouqueceu e acabou lembrando seu esquizofrênico de Caminho das Índias (2009). Uma foto já basta para perceber a influência neoclássica: Napoleão Bonaparte é a referência principal de figurino do auto-intitulado Rei do Sertão.

Berilo (Passione, 2010)
Timóteo Cabral (Cordel Encantado, 2011)

Mas tem também aquela produção que acaba comprometida pela caracterização dos personagens. Não consegui nenhuma foto à altura, mas uma coisa que me roía por dentro era a mania de um ombro só que tinha na última do Gilberto Braga... nunca vi tanta coisa cafona-contemporâneo junto!
Por hoje é só. Queria entender porque agora eu dei pra postar só de madrugada, quando eu escrevo pior que o normal e perco as ideias... além do Woody Allen que já está virando lenda, penso em algo sobre fantasias ou o espírito das roupas. E lembrar de filmes e peças, pra variar um pouco o assunto.


#Roque Santeiro - Sá e Guarabira

Tuesday, September 6, 2011

Gala (Kirov)

Saí do Municipal determinada a (tentar) escrever sobre o figurino - e, quem sabe, o espetáculo em geral - da Gala, da companhia russa Kirov. Acontece que a pessoa chega em casa sem jantar e morrendo de sono, então aquele dispositivo que eu tenho que me faz formar frases decentes, dar um sentido e unidade ao texto, etc (sim, estou falando do meu cérebro) já não funciona lá muito bem. O programa era uma compilação de várias peças (eu e meus híbridos, hahaha) e era dividido em 3 atos. É meio difícil escrever de cabeça, mas vou tentar.
A primeira parte era A Chopiniana. Um sonho, aquelas saias "tradicionais" de ballet, uma leveza... parecia um suspiro. O segundo ato era uma dança contemporânea, acho que chamava Simple Things. Esqueci de anotar o nome do figurinista e titio Google não quer ajudar, mas gostei muito. Collants dourados meio ouro-velho, mas não-escandalosos, que refletiam as luzes verdes, azuis e vermelhas com tons incríveis. Na terceira parte - Divertissement - tinha Carmen, Dom Quixote, danças russas com músicas de Tchaikovsky, etc. Giros, quantos giros! Quase chorei nas sequências de piruetas e com as saias "bandeja" que eram amassadas quando a bailarina era levantada e armavam feito leque quando ela voltava ao chão.
Lembrei muito de Degas no primeiro ato, como é possível uma representação tão perfeita? Por algum motivo que eu realmente não sei explicar, o figurino de Simple Things me lembrou Tron. Ah, consegui descobrir: o figurinista se chama Jerome Marchand e consegui até uma foto, iei! Bom, o pouco de linha de raciocínio que restava eu perdi e já vi que terei menos de 4 horas de sono... pelo menos consegui ser fiel ao blog. E espero não ter escrito nenhuma atrocidade.

A Chopiniana
Bailarina de Degas

Simple Things
Tron

(ps. As configurações do blogspot me irritam demais e se eu for brigar toda vez pro texto ficar direitinho, com espaço antes dos parágrafos e tal... vai ser muito stress)

Saturday, September 3, 2011

Apresentação

Como eu já disse, o primeiro post foi um impulso de "tenho que fazer alguma coisa com a minha vida e agora" então, um pouco atrasado, eu coloco aqui o primeiro post planejado. (:

Aqui quem fala é uma estudante frustrada de comunicação que, no momento, está feliz na faculdade de figurino. Eu era muito exigente com meus textos, por isso resolvi acabar minha inexistente carreira antes que a depressão me alcançasse. Já tive um blog de coisas aleatórias, mas com o tempo fui perdendo a vontade de compartilhar meus sentimentos com o mundo e ele foi deixado às traças... mas sinto falta de um veículo de expressão – que serve, mesmo se ninguém acessar – e resolvi tentar de novo.

Minha proposta, a princípio, é analisar e opinar figurinos. Qualquer figurino – e aceito sugestões – seja de cinema, televisão, teatro, dança, circo... As aulas de indumentária me ensinaram que muito do que a gente vê, especialmente em figurinos de época, que parece lindo, é na verdade licença poética ou um grande erro mesmo. Não estou para julgar a beleza dessas roupas – porque essa discussão é completamente diferente e, como já diz o bordão, beleza não se discute.

Para terminar as apresentações, meu nome é Maria Hermeto, mas por um trocadilho (infame) me tornei Ricota no mundo da internet. Não sei ainda quanto tempo vai durar essa empolgação nem se terei leitores, mas se tiver alguém lendo, espero que goste. A primeira parada vai ser no novo filme do Woody Allen, até lá!