Wednesday, June 13, 2012

O Filho Eterno

A felicidade meio abestalhada é de repente interrompida por uma notícia que o pega de surpresa: um filho. Ele não estava preparado para ter um filho, nem para ser pai. Ter um filho é uma coisa que não necessariamente vem acompanhar do ser pai. Durante nove meses, ele tentou se acostumar com a ideia, mas sempre lhe pareceu algo distante... até chega o momento, ele está na sala de espera da maternidade e não sabe o que fazer.

A ansiedade é de repente interrompida por uma notícia que o pega de surpresa: um filho mongolóide. Sim, porque em 1980 não se usava ainda o termo Síndrome de Down. Bate o desespero, ele não aguenta olhar para a criança e só um pensamento o consola: crianças down vivem menos. É isso, aquele filho iria morrer logo, ele iria consolar a mulher, mas depois a vida voltaria ao normal.

O desespero é de repente interrompido por uma rotina. Aquele filho era real e estava vivo. Precisava de cuidados, como todo bebê. O pai não podia fingir que aquela criança não estava ali. Engoliu a raiva, engoliu a loucura, e seguiu em frente. Aquela criança era seu filho. Seu filho com down. E nada podia mudar aquilo. O tempo foi passando, ele se acostumou. Ele aprendeu a amar aquela criança.

Nunca li o livro O Filho Eterno (Cristóvão Tezza), mas no último dia 12 assisti à adaptação ao teatro (direção de Daniel Herz). A peça é um monólogo de Charles Fricks, da Companhia Atores de Laura, e é uma aula de teatro, uma lição de vida. Parafraseando Roberto Carlos... são tantas emoções! A sensibilidade  dessa peça é uma coisa arrebatadora. Recomendo muitíssimo, devo ver de novo - ir ao teatro se tornou um vício...


Espero voltar em breve aqui e falar dos outros espetáculos.