Monday, October 31, 2011

Século XV

Não sei quem é Lil que comentou no último post, mas vou esclarecer o motivo da minha indignação com o figurino de Histórias do Amor. A maioria das pessoas realmente não faz ideia do quanto mudou a indumentária nesses três séculos ou a importância disso para o período e a própria arquitetura. No Rococó, por exemplo, quando Maria Antonieta aumentou absurdamente a lateralidade de seus vestidos - e, com isso, inspirou as mulheres da corte a fazerem o mesmo - as portas dos palácios passaram a ser duplas e os sofás, individuais. Além do mais, gastava-se tanto tecido para confeccionar uma roupa inteira (chemise, anágua, crinolina, camadas de saia, vertugardin, mangas, meias, golas, rendas e babados) que o preço era algo astronômico. Não foi só isso, mas a jovem rainha ajudou a levar a França para o buraco - que, mais tarde, culminou na sua decapitação e na Revolução Francesa, mas isso é outra história...

Enfim, minha proposta agora é mostrar como a indumentária do Século XV era extremamente diferente disso - quase que nada a ver. O período renascentista pretendia romper com a Idade Média em todos os sentidos, fosse na arte, filosofia, literatura, moda, etc. Antes as roupas eram extremamente verticais, seguindo a linha de toda a produção artística e a arquitetura gótica, acreditavam quanto mais alto, estariam mais próximos de Deus. Bem, a indumentária renascentista começou, sim, a lateralidade; mas nada comparado ao que se observa nos séculos que se seguiram. Nessa caso, como na maioria dos meus exemplos, as fotos falam muito melhor.


Esse quadro de ilustrações faz um panorama da indumentária da Idade Média.
Ao contrário do imaginário popular, o período não foi nem um pouco um "período de trevas"
Para começo de conversa, é de lá o sentimento lírico que conhecemos (e erroneamente chamamos de romântico) que traz um modelo de homem ao mesmo tempo heroico e sensível.
O quadro inferior direito dessa ilustração mostra uma indumentária mais renascentista, já pendendo para a lateralidade.

The Family of Henry VIII: An Allegory of the Tudor Succession, 1572.
Não há registro de quem teria feito esse retrato, mas o estilo é semelhante ao de Lucas de Heere.

Elenco da série The Tudors, que apresenta um figurino extremamente pesquisado e bem construído. Vencedor dos prêmios Costume Design Guild Awards e incontáveis Emmy Awards em figurino e direção de arte.

Quem lembra do post de Cordel Encantado? A Rainha Helena, segundo as figurinistas da novela, mistura referências de Guerra nas Estrelas com indumentária Gótica... embora, como já disse, reconheça nessas mangas "gordinhas" o Renascimento.

Por fim, Maria Antonieta, numa pintura - que é pra ninguém dizer que estou sendo implicante.
Os vestidos dela eram muito mais laterais que os renascentistas.


#Olhos nos olhos - Chico Buarque

Sunday, October 30, 2011

Um soldado e histórias do amor

Hoje assisti a uma remontagem da peça de fim de ano da turma do Bernardo Jablonski do ano passado. O Bravo Soldado Schweik é uma maravilhosa história ambientada na Primeira Guerra Mundial, muito bem dirigida, com ótimos atores. Destaque especialíssimo para o principal, Eduardo Rios, que a cada trabalho me impressiona mais... sabe aquelas pessoas que tem o dom da comédia mesmo? Ele tem, pode distribuir e ainda sobra muito! Parabéns também para os amigos Karina, Anita e Felipe - aliás, que surpresa boa, não sabia da participação de nenhum dos três na montagem. Semana que vem assisto Queda Livre, das queridas Bel Falcão e Lulu Arraes, e assim que der O Patinho Feio, ambos de direção do Bernardo também. Um profissional incrível que só vai deixar boas lembranças - inclusive para quem não o conheceu que, por incrível que pareça, é o meu caso. Mas tenho muitas pessoas muito próximas que tiveram bastante contato com ele e toda homenagem é pouco.

Bom, quanto ao figurino do Soldado... não tem muito o que ser analisado. Muito bom, exatamente o esperado, uniformes de guerra, vestidos de época para as mulheres. Bem construído. Gostei especialmente dos pequenos detalhes que diferenciavam os soldados do 91° Batalhão, como um paletó apertado, botões abertos, um amassado ou o quepe ao contrário de Schweik. Não penso em nenhuma palavra melhor que a boa e velha "parabéns" para qualificar essa montagem. Saudades do Tablado...

Anita, Karina e Eduardo.

Só que eu vim aqui falar também de outra coisa. Hoje estreou no Fantástico do quadro História do Amor, com Leandra Leal e Daniel Oliveira. Já deu pra perceber, de outros carnavais, que essa dupla funciona. Desde semana passada, quando vi uma chamada da microssérie, achei interessante. São seis episódios de pouquíssimos e divertidos minutos. Ao longo da "temporada" eles interpretarão 64 casais. Isso mesmo, sessenta e quatro casais com sessenta e quatro figurinos diferentes. E como é comédia, tem a liberdade poética das formas, cores e texturas. Tudo pra ser bem bacana... mas já reparei belos escorregões (com minha minuciosa atenção de aluna chata de figurino).

Na reportagem que saiu hoje na Revista da TV aparece uma foto em que Leandra está sem dúvidas usando um vestido representativo do Robe à la Française e a legenda diz "século XV"... oi?! E no programa um casal absolutamente anos 20 para representar... O ROMANTISMO! Como assim, isso é basiquíssimo, minha gente. Tudo bem que durante o Belle Èpoque o Paul Poiret já revolucionou as formas na virada do XIX para o XX, tirando o espartilho da mulher e dando início à silhueta imortalizada por Chanel na Era do Jazz. Mas o Romantismo foi bem no começo do século XIX, quando surgiu isso do amor trágico, virou bonito sofrer e morrer por amor. Triste equívoco.

Robe à la Française, traje clássico de Maria Antonieta, século XVIII.
Modelo de Paul Poiret, com aquele ar de anos 20 e de melindrosas.
Histórias do Amor e suas interpretações equivocadas.


#Claire de Lune - Debussy; Tomas Labé, piano.

Thursday, October 27, 2011

Dance tonight

Hoje vai ser curtinho, mas não é por preguiça dessa vez não.

Lembrei desse clipe por acaso e resolvi assistir de novo. Adoro a junção dessas duas coisas geniais que são Sir Paul McCartney e Natalie Portman! Fora que essa festinha deles com os móveis e objetos da casa é bem legal, o figurino é muito interessante. É super "festa à fantasia de filme americano" onde as pessoas sempre vão usando umas roupas surreais que eu nunca vi na vida real - tipo geladeira, máquina de lava, lareira... hahaha. O que eu acho mais legal é que a gaveta não é a gaveta, são os talheres; a máquina de lavar são as roupas emboladas; a lareira é o fogo; e as árveres somo nozes. Não resisti, haha, as árvores são os galhos. E termina tudo trocado.

Reparei agorinha na arte. A cena inicial mostra que essa casa é no meio do nada, na calma do campo. Sentimos a textura rústica do lugar nas suas madeiras e tijolos, mas ao longo do clipe outros ambientes da casa dão leveza às cenas. A sala azul e fria onde "vivem" os quadros (que são, por definição, imóveis e rígidos) vira pano de fundo para uma dança com todos os elementos - que inclusive libertam alguns retratos. A disposição dos livros nas prateleiras (organizados por cor) e a cortina branca e leve do quarto também ajudam a quebrar essa rigidez dos marrons roots.




#Are you gonna be my girl - Jet

Wednesday, October 26, 2011

Aparências - e como a roupa nos influencia.

Ia escrever que hoje estou cansada e pouco inspirada e percebi que uso muito isso como desculpa, devo parecer uma pessoa muito chata - eu juro que me esforço para não ser! Mas andei pensando muito num assunto, que muita gente pensa que de figurino não tem nada, mas vou mostrar que penso o contrário. O modo como nos apresentamos para o mundo também é figurino. A atitude, jeito de andar e alguns casos até de falar. Nossos armários, tudo isso é figurino. Vou tentar organizar os pensamentos que levaram a compartilhar isso.

Aconteceu no Senai-Cetiqt (minha faculdade) essa semana - mais precisamente ontem e hoje - um evento organizado por ex-alunos que foca, justamente, nosso trabalho e todos os seus desdobramentos. O evento traz palestrantes e profissionais que montam oficinas de criação, é muito legal. Mas, infelizmente, o fato de ser na Barra e de eu ser uma pessoa até um tanto ocupada, não pude ficar o dia todo. Assisti uma palestra ontem da Xela Marx, atriz de teatro que mora/trabalha na Europa, principalmente Londres e Espanha. Ela mostrou, em alguns exercícios bem simples, como um adereço - como, por exemplo, um nariz de palhaço - muda toda a mensagem que a gente passa para o mundo.

Hoje teve uma oficina com uma figurinista de teatro que falou um pouco do trabalho dela e deu exemplos de figurinos que, especialmente por serem teatrais, passam despercebidos - mas na verdade são ótimos trabalhos. Depois ela fez uns exercícios de nos colocar no lugar do ator, muito interessantes. Num deles, um voluntário recebia uma peça de roupa ou acessório e tinha que descrever objetivamente o que estava sentindo, depois o que aquilo o lembrava (o valor subjetivo) e um outro exercício era, a partir dessa análise, cantar uma música, contar uma história ou recitar um poema que viesse à cabeça a partir dessas lembranças. Tenho que ser menos pudica poxa, não fui voluntária e agora me arrependo...

O que me impulsionou mesmo para escrever, na verdade, não foi nem um nem outro. Foi uma propaganda de uma base incriveland! O comercial levanta a bandeira do preconceito visual; não devemos julgar uma pessoa pela aparência. Não vou explicar mais, que é pra não estragar. É simplesmente genial.



#Julia - Beatles

Monday, October 24, 2011

Pulp Fiction

Pulp Fiction. Essas duas palavrinhas já têm vida própria, esse filme conseguiu uma sobrevida pop-cult-alternativo que acho que o Tarantino não imaginava. Me lembro de ler o roteiro - um livro que foi lançado depois do filme (claro) que traz, de fato, o roteiro - na oitava série no recreio da escola. Os professores achavam estranho aquele projeto de gente lendo um texto cheio de Fuck, fuck, Motherfucking shit fuck e outras cenas mais de tanta violência. O cara da locadora não quis me deixar levar o filme, tive que ligar para o meu pai autorizar. Hoje sou mais uma dessas fãs que faz desse filme o "evento" que ele se tornou.

Sobre o figurino eu não tenho muito o que falar não. Me agrada a estética Tarantínica (ou seria Tarantinesca, Tarantiniana?) em geral. Essa coisa que remete ao film noir misturado misturado com uma atualidade pop, acho o cara gênio mesmo. A madrugada me emburreceu, não estou conseguindo muito falar melhor. Bom, uma coisa que eu gosto muito nesse filme é ser a volta do John Travolta (ha-ha) e trazer o personagem mais marcante da loira Uma Thurman - por nove anos, até Quentin lançar Kill Bill - com um cabelo chanel preto. Quebrando os padrões.

Travolta e Samuel L. Jackson
cartaz

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A dupla - genial - de diretores 300ml, que eu tenho o maior orgulho de dizer que conheço, fez esse curta maravilhoso que analisa os personagens e interatividade dos filmes do cara. Tarantino's Mind traz Selton Mello e Seu Jorge numa conversa de bar desvendando o código por trás das histórias. Vale super dar uma conferida, são 11 minutos.



#Qualquer coisa bom-brega. TV ligada, passando Roque Santeiro.

Sunday, October 23, 2011

Acontecimentos recentes

Meu computador não gosta de mim.

Esse não é o tema de hoje não, é simplesmente um fato que constatei. Estou há pelo menos 30min tentando passar umas fotos (que eu quero postar aqui) e ele finge que não é com ele... temperamental, sabe como é?

Enfim, vim falar do fim de semana. Sexta-feira teve lançamento da coleção nova da Luiza Marcier, da À Colecionadora, com happy hour. Quem conhece alguma coisa do trabalho dela sabe que não precisa de explicações: o forte, ao meu ver, é a modelagem sensacional que deixa qualquer uma linda. A escolha dos tecidos também é muito feliz, são roupas fogem desse esquema da sobrevida de uma estação e duram décadas - sinceramente, pelo menos dez anos elas permanecem intactas. O evento foi ótimo, quatro horas de papo descontraído, muitas fotos, muitos brindes... um sucesso! Teve até um desfile improvisado - com modelos improvisadas - no final que foi divertidíssimo.

o vestido lindolindolindo da vitrine!
godê branco.
até minha vó entrou no clima!
a loja.
amiguinhos.
as modelos.

A outra coisa foi ontem, a apresentação da esquete que eu fiz o figurino. Participante do Festival de Teatro Universitário, saiu até uma matéria do Portal PUC-Rio Digital que anunciou a esquete (e eu, super atenta, só vi isso hoje). Uma companhia só para mulheres, com direção da querida Anna Lu Machado e um elenco maravilhoso. Marina, Madona, Monalisa, Luca e Maria estão de parabéns! Eu estava exausta, sem a menor condição de comemorar com vocês, mas gostei muito mesmo - de participar disso e de ver o trabalho pronto. A ideia era vesti-las mais masculinizadas - com formas e elementos geralmente associados aos homens, como paletós, suspensórios e gravatas, e cortes de alfaiataria. Só que era isso sem perder o charme e a sensualidade de cada personagem. Ah, e tudo em preto e branco. Ficou bem legal o resultado.

meninas!!!


#Kids - MGMT

Thursday, October 20, 2011

Hora de voltar


Esse é um dos filmes que eu citei mês passado, no post sobre perdas. Vou me referir pelo título original Garden State que acho mais bonito, mas o título desse texto é a versão brasileira. Primeiro filme dirigido por Zach Braff (o JD de Scrubs). Esse filme é maravilhoso - sei muito bem que não é pra qualquer público, mas me atinge. A história é que Andrew volta para casa para o enterro da mãe. Ele não botava os pés na cidade há dez anos e tem péssima relação com o pai. Nessa jornada conhece Sam (uma Natalie Portman muito anterior a Cisne Negro), uma garota com epilepsia que insiste em ser one of a kind (acho que "única" é uma palavra muito comum para descrevê-la). Em diversos momentos ela resolve fazer uma coisa - um som, um movimento, uma expressão - inusitada, algo que ninguém fez antes e, nesse momento, ela se sente especial.

Andrew começa o filme confuso com o peso de ter que voltar a um lugar do qual se distanciou tanto, física e emocionalmente. Depois de conhecer Sam, ele inicia uma espécie de autoconhecimento. No fim já está certo do que quer e com a vida mais esclarecida. A direção de arte e o figurino cumprem um papel fundamental nessa narrativa. Além disso, a trilha sonora ajuda a compor de maneira lúdica e (até certo ponto) realista esse encontro que parece tão natural. Entre o homem que é estranho em sua própria terra e a garota que nova ali, mas já é de casa. Foi quando conheci The Shins, obrigada Zach!

No começo, o personagem se confunde com os cenários: roupa branca em fundo claro, preta em fundo escuro, cinza em dias nublados. Ele passa sem nenhum destaque, enquanto Sam desde a primeira cena causa contraste com seus elementos que tendem para o magenta (rosas, vermelhos, laranjas...) em cima dos cenários neutros. *spoiler* Ao longo da história, conforme o próprio roteiro vai se soltando, Andrew fica mais leve - visualmente, inclusive. Os cenários continuam muito frios, em tons de cinza, e o figurino dele fica mais leve e começa a contrastar. O protagonista finalmente se destaca, ganha vida.

No funeral da mãe, Andrew ganha uma camisa da tia e entra no banheiro para experimentar.
Não é que combinou?
Sam em destaque, enquanto Andrew e o amigo Mark (Peter Sarsgaard, my love) ficam apagados. Ainda assim, esse é mais ou menos o turning point para o protagonista, e o preto contrasta um pouco mais com a mata chuvosa que o cinza.
Na última cena, já esclarecido, Andrew se destaca do fundo branco de aeroporto com a blusa vermelha. Os tons terra fazem alusão, também, a ele estar mais centrado.

#The only living boy in New York - Simon e Garfunkel
(trilha do filme mode:on)

Wednesday, October 19, 2011

O Palhaço

É tanta informação que não sei nem por onde começar. Quem me conhece sabe bem como o universo do circo sempre me encantou, seja pela maquiagem, pelas roupas, objetos cênicos e até mesmo o próprio fato de ser um circo, as acrobacias e palhaçadas. O filme é O Palhaço, de Selton Mello - primeiro sinal que seria um bom projeto. Direção de arte e figurino simplesmente espetaculares, meu exercício agora é usar outros termos para dizer isso e especificar mais.

A incrível mistura de xadrezes, listras, bolas, cores saturadas, tecidos rústicos com outros mais nobres, broches, flores e outros elementos de adorno, a maquiagem clássica - especialmente nos palhaços. Além disso, o universo circense foi tão bem construído (Claudinho e Ula, quero ser vocês quando crescer!) que eu quando eu saí do cinema deu um vaziosinho tipo "queria que fosse verdade". Nesse caso, nada melhor que o tão batido clichê, uma imagem vale mais que mil palavras. Vale ressaltar também o elenco, com alguns "monstros" das antigas e excelentes revelações!

Os monstros consagrados, gênios.
O cenário atrás e o crash de estampas do figurino.
#quebratudo

Cara nova no pedaço - pelo menos para mim. Ela arrasa.
Detalhe para os cílios falsos, maiores que Dzi Croquettes, um luxo!

Uma geral do figurino.

Arte: cartaz lindo.

#Dedicated to you - John Coltrane

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Vale lembrar que eu aceito e peço, encarecidamente, que comentem!!! Um blog depende do feedback dos leitores, mesmo que sejam só dois ou três. E sugestões de filmes, novelas, clipes, etc são bem vindos! Fica a dica, gente, h e l p.

Tuesday, October 18, 2011

"Our deal" - Best Coast

Já está tarde, eu acordo cedo e a preguiça falou mais alto. Queria fazer um post sobre Vamp, mas como estou de poucas palavras não vai dar - sou dessas que curte mesmo uma novela, especialmente antiga e adoro essa história cafonésima de vampiros. Enfim...



Vi esse clipe hoje na faculdade. Visivelmente influenciado por todos aqueles filmes pop anos 1980 que tratam da questão das gangues e retratam essa coisa super americana de "tribos" bem marcadas. O figurino é totalmente inspirado em Grease e West Side Story. Os olhos super delineados em preto nas meninas da gangue noturna, a jaqueta preta com o emblema da raposa e esses topetões tem uma comunicação muito forte e deixam explícita a rebeldia dessas meninas. A gangue "do dia" é mais quente, latina. Usam vermelho e amarelo, o próprio colorido do menino lembra o porto-riquenho de West Side. São também super 80s, mas de uma forma mais leve, com argolas prateadas, jaquetinhas jeans e all stares.

O clipe em si é bonitinho e a música é fofys, nunca tinha ouvido - nem ouvido falar nessa banda. Não é nada original, mas é bem feito. Direção de Drew Barrymore. A loirinha é aquela menina que faz a irmã mais nova do Tom em 500 dias com ela, Chloë Grace Moretz; vale ficar de olho nela.

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Mental note: faltam Vamp, a exposição de figurinos do Festival e a esquete de uma amiga que eu fiz o figurino.
Por hoje é só.

Sunday, October 16, 2011

A hora e a vez

Hoje volto um pouco ao tema. O primeiro figurino que me chamou a atenção nesse Festival é de Beth Filipecki. Na verdade, enquanto filme, eu esperava mais de A hora e a vez de Augusto Matraga porque tem João Miguel e José Wilker, isso já devia bastar. Acho que esses dois são tão "monstros" que minhas expectativas ficaram lá em cima... É um clima bem sertão com jagunços, coronéis e esses heróis estilo velho-oeste que são solitários e cheios de inimigos, mas enfrentam um bando todo sozinhos. Esse é João Miguel, ou Augusto Estêves. A imagem eterna que tenho do José Wilker é o coronel, austero, de branco; não deu outra, o visual de Joãozinho Bem-Bem é exatamente isso (o personagem é uma espécie de justiceiro por linhas bastante tortuosas).

Não consegui fotos dessa refilmagem, o tio Google só me mostra fotos do primeiro filme, lá dos anos 1960... Mas é o seguinte: algodões bem rústicos, um branco sujo meio off-white, rendas para as mulheres. Alguns terras marrons, ocres, cinzas e azuis-marinho sofridos com o tempo. Augusto, enquanto homem forte e valente, usa o clássico branco-coronel mais puxado pro envelhecido, amarelado. Depois de levar uma coça e quase morrer, passa anos sendo cuidado por um casal que o achou no meio do mato. A maquiagem (prefiro o termo caracterização) do João inchado, cheio de cortes, ensanguentado é de um realismo incrível. E o interessante é que, depois de sobreviver e virar um homem religioso, ele começa a usar roupas escuras. Calça enrolada no tornozelo, tipo pescador. Uma roupa toda mais despojada.

As lendas
Além de Wilker, o filme traz outra lenda-viva: Chico Anysio. Um coronel que manda numa enorme turma de jagunços e arquiteta emboscadas e assassinatos sem sujar uma unha. Acompanha tudo do conforto do seu lar, nem até a varanda ele vai. Seu figurino é muito forte, bem contrastado no preto e branco. Mas preto e branco limpos, não os tons "vividos" que o povo usa. E Joãozinho, já disse ali em cima, essa coisa bem coronel (apesar do personagem ser uma espécie de cangaceiro chique) de branco-limpo também, com aquela postura de José Wilker, o invencível. Um lorde (meio Timóteo Cabral, de Cordel Encantado).

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Hoje vi também o documentário Os Últimos Cangaceiros e achei interessante e digno de comentar que o figurino deles enquanto cangaceiros não era o que costumamos ver, em tons de terra (como o bando de Herculano em Cordel, com marrons, beges, ocres e brancos-sujos). Imagino que a reconstituição tenha sido bastante fiel, porque Durvalina e Moreno fizeram parte do bando de Lampeão. As roupas que usavam no filme era de um azul fortíssimo, quase turquesa, e faixas vermelhas. Muito lúdico, muito lindo.


#Mágica - Os Mutantes

Saturday, October 15, 2011

O sublime e o abismo (prateado)

Ontem cheguei em casa 00:45 depois de um dia inteiro exaustivo na rua, tendo começado às 5:30. Obviamente não tive forças pra postar nada, mas tinha um texto em mente - sim, é sobre o Festival e sim, ainda não estou voltando meu foco pro figurino ainda. Mas então, a ideia era falar sobre o necessário Sudoeste e o insosso O Abismo Prateado. Acontece que hoje eu tinha um dia lindamente planejado, começando com um workshop de figurino, A hora e a vez de Augusto Matraga e depois o Cine Encontro (debate) sobre o filme. Claro, estava contando com qualquer coisa de comer ali do bar do Armazém, já não tem nada por perto*.

Vou primeiro, então, contar minha profunda decepção com a organização do Festival e depois volto aos filmes. O nome workshop dá aquela ideia bacana de que a gente criar alguma coisa né? Nem que fosse decupar um roteiro só... mas não, foi uma palestra. Uma palestra muito cara. Desinteressante não foi, mas definitivamente não valeu o preço. Tudo isso porquê? Um certificado de 4 horas para eu entregar na faculdade. Obrigada, hein - isso porque no ano passado eu trabalhei de fotógrafa voluntária pelo menos umas 40 horas e o certificado que me deram foi de 20 horas.

O Pavilhão desse ano, além de ser pior de chegar (é perto, mas ano passado a rua da esquina tinha muito mais opção de ônibus) é menor. O banheiro é químico. O som escapa das salas, então as palestras e debates são invadidos pelo som dos filmes, é horrível. Hoje, depois da decepção do "workshop" eu pensei que almoçaria no bar que eles montaram ali dentro e seguiria o dia normal, com filme + debate. Não, justo num sábado - dia que a maioria das pessoas pode fazer programas de lazer, tipo ir até a zona portuária assistir um filme e um debate - resolveram fazer a feijoada restrita para convidados. Lá no Pavilhão, ó que lindo! E sem aviso nenhum, que é um absurdo, o lugar hoje não tinha bar. Não tinha comida para os reles mortais que resolveram usar seu sábado para fazer um programa cultural.


Fecha os olhos.
Agora escuta o som da chuva.

Enfim, passada minha raiva, vamos aos filmes. Nunca tinha ouvido falar nesse diretor, vale ficar de ouvidos (e olhos) atentos, que ele promete: Eduardo Nunes. Sudoeste é diferente de tudo que tem sido produzido ultimamente no Brasil e no mundo - ok, por aqui eu tenho certeza que não há nada parecido; no mundo eu to generalizando legal, mas quero dizer do que eu fico sabendo. Uma fotografia abusada de linda, em preto e branco com alta granulação. É um filme de detalhes: muitos planos fechados, expressões, texturas, tons de cinza. Trilha sonora original incrível que ajuda a compor essa fábula. É uma verdadeira e sublime obra-prima. A história, realmente, dá um nó na gente.

O filme se passa em um dia, 24 horas. Para a personagem principal, esse dia significa uma vida inteira - literalmente, ela começa o filme bebê e termina uma senhora e morre. Para todo o resto, é exatamente um dia mesmo, como outro qualquer. Na verdade, Clarice começa o filme morrendo, de madrugada. Pela manhã (no seu tempo todo particular) ela nasce. Chegando a tarde ela tem uns 10 anos, na pele da lindinha Raquel Bonfante. Mais para o fim da tarde, se transforma na Simone Spoladore. Ela morre na madrugada na pele de Regina Bastos. As duas personagens se chamam Clarice: a que morre e a que nasce.

É um filme que faz a gente pensar. A vida que ela vive nesse dia é mais ou menos a mesma vida da que morreu. Ela reconhece na família da Clarice morta, sua própria família. Mas não é reconhecida por eles, a única semelhança que a família vê nas Clarices é o nome. E eu saí do filme com a questão: são mesmo duas Clarices ou é uma só? Porque que ninguém reconhece? Cada frame desse filme é de chorar. Deveria ser lançado um livro daqueles bem grandes e caros de fotografia só com imagens extraídas do longa. O maior dificultador de público é o tempo da história. É extremamente lento - o que, pra mim, está longe de ser defeito nesse caso.


Inspirado na música Olhos nos olhos, de Chico Buarque.
Uma pena que uma música tão boa rendeu um filme tão chato.

Outro filme lento é O Abismo Prateado, mas nesse caso o tempo vai contra a história. Umas cenas desnecessárias que não contribuem para a história, outras extremamente chatas... a sinopse é uma mulher que é abandonada pelo marido que - quase melhor que o post-it da Carrie, em Sex and the City - faz isso por um recado no celular. Confesso que dormi metade do filme. No começo, cenas mal enquadradas, apertadas demais. O marido sai do banho, fica na varanda e depois fica um tempo com a geladeira aberta para escolher o que quer, nu. Um nu completamente dispensável para o filme (diferente das intermináveis cenas de Eu receberia... por exemplo). E a mulher é dentista, outro fato irrelevante, e tem cenas com bocas sangrando e aquele barulho insuportável de motor de dentista. Tremi de nervoso na cadeira.


#Seven nation army - The White Stripes

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* Quero ver essa revitalização da Zona Portuária BOMBANDO hein... poxa, vários eventos já são sediados por ali, o público (e os moradores do Rio de Janeiro em geral) merece uma área mais apresentável no Cais.

Wednesday, October 12, 2011

Eu receberia...

Já começo dizendo que eu não esqueci que a minha proposta para esse blog é comentar figurinos, mas é que o Festival acontece só uma vez por ano e eu quero dar ênfase a esse evento que merece todas as atenções durante essas duas semanas que enchem os cinemas do Rio de vida. E, não lembro se já disse aqui, durante o Festival eu priorizo os filmes nacionais, até porque a maioria não entra em cartaz depois ou demora muito. Esse ano tá fraco pra mim... o primeiro filme que vi foi hoje (o Festival começou dia 6).

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Um filme de Beto Brant baseado no livro homônimo de Marçal Aquino. Lavínia, Ernani e Cauby. Três personagens num triângulo amoroso cada cena mais complicado e difícil de resolver. Um final que eu não vou comentar na tentativa de deixar uma pulguinha atrás da orelha dos leitores, espero que todos vejam esse filme maravilhoso o quanto antes; Ainda tem mais 4 sessões no Festival e estréia em circuito só em março.

A trama acontece em Santarém, no Pará, que pelos takes dá pra sentir que é um verdadeiro Paraíso na Terra - e, segundo Beto Brant, não tem mosquitos no fim da tarde. Durante o filme mesmo me impressionou a atuação, especialmente da Camila (Lavínia). Gero Camilo, mais uma vez inesquecível. Gustavo Machado em alguns momentos me lembrou seu Félix de O Amor segundo B. Schianberg (também de Brant). Não tenho palavras para o pastor de Zecarlos Machado, impressionante. Claramente todos se entregaram de corpo e alma a esses personagens e o resultado só podia ser bom!

Mas o que eu gostei mais foi o debate. Fui na "sessão popular" do Festival, onde o ingresso é R$2,00 e tem debate sobre o filme com equipe e elenco. Minha primeira impressão era que não tinha uma necessidade daquela história acontecer em Santarém, mas no debate me percebi enganada. E não é só o lugar que é importante para o filme, o filme também é importante para o lugar. A questão abordada, sobre o desmatamento e a briga entre índios e madeireiras é real - sim, na vida todo mundo sabe que isso existe. Mas no filme, no filme mesmo isso é real. Uma cena crucial para o desenrolar da história foi de fato um protesto das aldeias que vivem nas margens do rio, que deu mais ainda um caráter documental - que, eu acho que posso dizer, é bem particular do Beto Brant.

Dois dos oito líderes do movimento contra o desmatamento da Amazônia estavam no debate. Quando eles falaram da despreocupação do governo em relação às tribos e ao ambiente onde habitam me deu um aperto no coração. Uma vontade de ser alguém, de ter poder para fazer algo a respeito. Esse filme, eu acho, pode ser um grande divulgador do movimento, mas não deixo de pensar que a primeira impressão das pessoas - assim como a minha - não vai ser o problema dessas nações indígenas que estão perdendo seu espaço e, sim, a história e o desenrolar do triângulo amoroso. Não vou me estender mais porque eu sei que não tenho muita base para falar da reivindicação deles, não quero falar bobagens. Mas acho importante ressaltar que esse oito líderes estão jurados de morte onde vivem e o governo recusou os pedidos de escolta policial. Não tenho nem palavras para dizer o quão absurdo isso é.

Um breve parágrafo sobre os aspectos técnicos do filme. Começo pelo que mais chama a atenção: a fotografia. Parabéns, Lula, o filme todo é muito lindo - que que é a cena de Lavínia e Cauby no rio??? De resto era tudo muito realista, muito bem feito. Uma tecla que eles martelaram bastante no debate, o clima das gravações foi tão bom, tão familiar, que tudo se encaixava. O figurino realmente não é o carro-chefe do filme, mas é impossível não notar que ficou muito bom, que é realmente aquela gente que vive ali e as roupas dizem isso. Direção de arte a mesma coisa.

Deu uma vontade danada de ler o livro...


#Perdão você - Marisa Monte

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Nossa, tenho uma sensação tão forte de que esse texto ficou confuso... mas não estou em condições de melhorar agora. Seja o que for pra ser.

Monday, October 10, 2011

Insônia

Gente, um pequeno adendo: acabei de realizar - sim, só A GO RA - que além de A Grande Família e Tapas e Beijos, Claudio Paiva criou TV Pirata, Sai de Baixo e aquelas charges da Revista (domingo n'O Globo) são... dele! Há.

Ainda bem que eu só lembrei disso agora, se não eu não ia abrir a boca pra falar nada na frente desse gênio. To pasma.

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E o sono, cadê? Ah é, perdi duas horas e meia (sim, isso tudo) de dia útil hoje porque eu praticamente entrei em coma - vamo combinar, cochilo é no máximo uma hora... du-as ho-ras e meia é preocupante!

Adorei que ontem eu liguei a TV para dormir e estava passando Oceans. Eu tenho medo de mar, medo mesmo, não entro sozinha e tal. É todo um universo que eu não conheço e não tenho o menor controle e isso me apavora. Mas esse documentário é mexeu muito comigo, achei maravilhoso e queria ter em casa! E nessa onda "fundo do mar" faço mais uma homenagem à Baleia.

Festival do Rio 2010

Ano passado trabalhei de fotógrafa voluntária no Pavilhão. Foi uma correria, duas semanas sem tempo direito pra comer, estudar e, claro, dormir - porque quando a gente tem pouco tempo, o que sobra menos SEMPRE é dormir! Foi maravilhoso, assisti palestras ótimas e dei uma olhada nos workshops - coisa que normalmente teria que pagar R$200,00. E ganhei créditos nas fotos (também, se não ganhasse seria trabalho escravo mesmo). Foi maravilhoso... mas não sei se faria de novo. Duas semanas de correria junto com todos os trabalhos de np2. Não dá mais.

Mas, tudo tem seu lado bom, conheci pessoas legais, interessantes e tirei boas fotos. Na falta de algo mais específico - na falta de tempo para escrever sobre algo mais específico - vou postar umas fotos que eu gostei e resolvi salvar.

divulgação do filme Como Esquecer
(Ana Paula Arósio e Murilo Rosa)
francesinha fofa que brincava nas almofadas
dando um tempo entre uma palestra e outra...
Exposição Roman Polanski
Rio Screenings

#Killing cupids - Baleia

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Sabedoria do dia (de ontem) nunca trabalhe de graça. Tonico Pereira disse na palestra que ele nunca trabalhou de graça, nem por um bom personagem: "tenho um monte de filhos, tenho que levar comida prá casa" e espero conseguir ser assim, Tonico. Minha meta de vida 2012, a partir de janeiro é essa! Boa sorte pra mim.

Baleia

Um curtinho, só pra divulgar uma banda de amigos e seu primeiro clipe.

A música é delicinha, a fotografia maravilhosa e - mais ou menos o meu propósito de estar aqui - o figurino muito me agrada. A direção de arte toda, nos cinzas com alguns toques de cor. Vermelhos nas meninas e uma camisa verdona no João.

E só para constar,
Perfil oficial da banda de música Baleia.

Cairê Rego - Baixo
David Rosenblit - Piano
Felipe Ventura - Violino e Guitarra
Gabriel Vaz - Voz
João Pessanha - Bateria
Maria Luiza Jobim - Voz
Sofia Vaz - Voz


Sunday, October 9, 2011

Turbilhão: primeiro dia de Festival do Rio

Não sei nem por onde começar. As palestras do Festival valeram super a pena, ainda bem que eu fui, mesmo sozinha. O tema das duas mesas de hoje era o sucesso na televisão. Primeiro conversaram Marcelo Tas, Tonico Pereira e André di Biase. Depois o foco estava nos autores: Claudio Paiva, A Grande Família. Tapas e beijos; Thelma Guedes e Duca Rachid, Cordel Encantado!!!; Newton Cannito, Cidade dos Homens; Margareth Boury, Rebelde; Marcílio Moraes, A Lei e o Crime. Ambas mediadas por Marcos Didonet, um dos organizadores do Festival.

A primeira mesa acabou sendo mais cômica, claro, mas consegui extrair boas ideias. Tonico começou sua fala dizendo que é muito difícil diferenciar o sucesso do sucesso. Tem o sucesso que de certa forma é ruim, que é se preocupar somente com os números (um filme de sucesso pode ser um filme genial ou um filme com boa bilheteria) e o sucesso bom, que é o de ser reconhecido no seu trabalho, prestigiado. E ainda mostrou uma humildade ao dizer que "todos nós em algum momento temos a possibilidade de ser artistas, mas isso não é uma constante". Um cara genial que nem ele tem o pé no chão. Alguém da platéia classificou bem: ele é integralmente ator, não se perdeu na fama e, por isso, digo que é um ator de muito sucesso. E, sim, um artista.

Marcelo Tas aproveitou Shakespeare para sua definição de sucesso: é a capacidade que a gente tem de tocar o coração das pessoas, de contaminá-las. Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth... são histórias que mexem com a gente, por isso continuam tão fortes até hoje. O sucesso que faz um ex-BBB é instantâneo, depois de um tempo todo mundo esquece. André di Biase contou a experiência de sucesso estrondoso que teve com Armação Ilimitada nos anos 1980 e define o sucesso como retribuição do esforço artístico.

Não existe mesmo receita para o sucesso. E pior, depois de um grande sucesso, como se libertar dessa obrigatoriedade de fazer uma coisa à altura? Thelma Guedes e Duca Rachid estão atualmente sob esse dilema. Com o fim da maravilhosa Cordel Encantado e pressão do público por uma "versão dois" da novela, as autoras agora têm que se perguntar novamente qual é a história que eu quero contar? e partir para a próxima. É muito importante o autor de novela gostar de novelas e contar uma história que seja de interesse próprio, essa é a base de um bom projeto. Acreditar naquilo o tempo todo.

Tomei coragem e fiz até uma pergunta aberta para a mesa:
Até que ponto o roteirista pode colaborar com figurino e direção de arte? Vocês podem interferir no processo, aprovar ou vetar ou só ficam sabendo o resultado quando já está pronto?
Sempre tive essa impressão, que o diretor acompanha o processo todo, mas o roteirista na minha cabeça aparecia só nessa primeira fase da criação - que, não por isso, eu achava menos importante! Descobri que não, na televisão o autor participa do processo todo, da escolha do elenco ao figurino e direção de arte, sim. As autoras de Cordel disseram que a ideia original para o figurino do Capitão Herculano envolvia um chapéu de cowboy no lugar do tradicional chapéu de cangaceiro e elas bateram pé que queriam o original. E ainda bem, não consigo nem pensar no Domingos Montagner caracterizado de outra forma. Claudio contou que em Tapas e beijos havia imaginado Fátima e Suely mais simples, com um tom abaixo no figurino, mas acabou gostando do resultado. É importante, na construção do personagem, que o autor veja aquilo que imaginou ao criar, o diretor veja o que imaginou ao ler, o figurinista represente a impressão que teve de cada personagem e o ator se sinta bem.

Na resposta de outra pergunta, Margareth fez uma pequena comparação que serviu também para me ajudar a entender como funcionam as coisas nesse(s) universo(s): "A TV é do autor, o teatro é do ator e o cinema é do diretor". É importante, para cada meio de comunicação, investir no profissional mais adequado.

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Na saída atravessei a rua para pegar um ônibus e, como estava sem música, fui acompanhada dos meus pensamentos. Seria legal se eu tivesse esperando um táxi na porta do Armazém e conseguisse uma carona. Seria legal se fosse uma carona com alguém da mesa do debate... Thelma Guedes, Duca Rachid, Claudio Paiva. Nossa, seria muito legal pegar carona com Claudio Paiva, o cara é um gênio! Eis que, 20 minutos esperando o ônibus - na zona portuária, num domingo, ou seja, Cidade Fantasma - resolvi atravessar de volta para pegar um táxi mesmo. E, na maior improbabilidade da vida, quem me oferece carona? Ninguém menos que Claudio Paiva, criador d'A Grande Família e muito mais. Cheguei em casa atônita e incrédula. E ele me reconheceu (a menina que fez a pergunta sobre figurino) e viemos conversando, ele contou casos do trabalho e no final me desejou boa sorte. Ganhei meu dia.

#Dis Lui Non - Françoise Hardy

Festival do Rio

Não acordei muito inspirada, então vou ser bem breve e abrangente. Festival do Rio, essa celebração do cinema na Cidade Maravilhosa, que com certeza é o período do ano que a maioria dos cariocas vai ao cinema - pelo menos para ver filmes que interessam, não os blockbusters e 3d de sempre, que costumam estrear na época do Natal. Em 2009 estipulei um plano de Festival para mim: filmes nacionais. A maior parte da produção de cinema do Brasil, especialmente os independentes ou de produtoras menores (que fogem do circuito Conspiração - Globo Filmes - O2...) tem sua chance de brilhar!

Esse ano já fiz uma lista enorme, agora vou correr atrás. Entre os mais esperados do grande público, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios de Beto Brant, O Palhaço de Selton Mello e Capitães da Areia de Cecília Amado. Aliás, cadê a Revista do Festival que O Globo lança todo ano???

Câmbio desligo.

Thursday, October 6, 2011

Fina Estampa

Hum, acho que já teve capítulos suficientes para eu comentar Fina Estampa. Muita gente não sabe do que se trata, é a novela das 21h atual, de Aguinaldo Silva. O tema da novela é (uma recorrente lição de moral): as aparências enganam. As personagens centrais são Griselda, moça trabalhadora que não liga para as aparências, e Tereza Cristina, rica de berço que nunca teve que levantar um dedo, absolutamente frívola. E como toda novela que se preze, há um homem entre elas.

Griselda é pobre e ganha a vida com o suor do trabalho. É uma espécie de faz-tudo, honesta, educou os três filhos para serem sempre corretos, falar a verdade... (isso não acontece, mas não vou entrar muito na história da novela) e por isso não liga para aparências. Uma mulher que vive mexendo em canos, fios, motores, etc etc, portanto, não é vaidosa. Sua personalidade é impressa no fingurino, que não muda: um macacão cinza, largo, com bolsos onde ela pode guardar as ferramentas de trabalho.

Não aguento mais demorar pra dar o ok e o post sair só no dia seguinte. Hoje vão só essas duas, depois eu falo mais dos outros personagens porque, em geral, Beth Filipecki tá acertando muito! Vamos lá, dona Tereza Cristina. Uma mulher elegante, fútil, mesquinha e, em termos dramatúrgicos (ou dramáticos), é uma vilã. Suas roupas dão destaque para o colo, está sempre pulseiras e anéis de ouro, tecidos finos que caem perfeitamente em seu corpo. O exato oposto de Griselda. A base da novela é isso, essa oposição que rende ótimas atuações e é muito bem reforçada pelo figurino - mesmo dos personagens que eu discordo... mas isso fica pra depois.

A foto é ótima, porque além de mostrar o figurino de cada uma, evidencia a subordinação de Griselda (abaixada à esquerda) e a postura de Cristiane Torloni ilustra a superioridade de sua personagem (em pé, de vermelho)

Tuesday, October 4, 2011

Rock in Rio 2011 fotos

Katy Perry no auge de seu multifacetismo: Mulher-gato,
papagaio,
pin-up
e pavão.
Red Hot Chili Peppers, com camisa do Rafael Mascarenhas. Linda homenagem.
Elvis
Prince
Janelle Monáe. Parece um menino da década de 1970 (cof..cof...Michael Jackson)
Jay Kay: influência "peles vermelhas"... alguém mais lembrou de Hair?
Ke$ha espantando geral: estilo indefinido, sujo e cafona. Medo.

#Young folks - Peter, Bjorn and John

Rock in Rio 2011

Eu disse que seria o próximo, então vamos lá. Eu não fui em nenhum show e assisti poucos pela tv, mas rolam milhões de fotos em vários sites e é baseado nisso que eu vou escrever. Não vou comentar nada sobre as músicas e juro que vou tentar conter comentários pessoais, do tipo "que ideia é essa de botar SIR ELTON JOHN no mesmo dia que Claudia Leitte, oi?" por aí vai.

Dia 1
Impossível não comentar o visual de Katy Perry, que trocou de roupa pelo menos 3 vezes. A americana fez uma espécie de ode à brasilidade, ao Carnaval. Abusou de plumas, paetês, brilhos e colorblocking. Tudo isso, claro, unido ao estilo pin-up, que favorece suas formas (aquela coisa bem anos 50: cinturinha fina e quadril um pouco mais largo) e dá aquela sensação de corpão.

Dia 2
No dia mais rock do Rock in Rio, figurino realmente não é o forte. Mas acho que deve ser comentada a homenagem ao Rafael. Não conheci pessoalmente esse menino, mas estudamos na mesma escola e temos muitos amigos em comum. Rafa morreu ano passado e faria 20 anos no dia 24/09, que foi o show do Red Hot Chili Peppers, sua banda favorita. Os caras literalmente vestiram a camisa: no bis, voltaram todos com uma camisa estampada com a cara do menino. Muito lindo.

Dia 4
Pulei direto o Dia Metal porque quem me conhece sabe que esse estilo nunca me interessou - apesar de que, reconheço que o Slipknot manda bem com suas máscaras no quesito performance. Já o Dia Soul (ou sei lá qual nome é apropriado) eu curto. Janelle Monáe, Jamiroquai e... ninguém menos que STEVIE WONDER. Teve uma Ke$ha no meio disso tudo, pra espantar a galera, mas a gente releva.
Janelle é uma releitura dos ídolos da extinta Motown. Seu inconfundível estilo, todo em P&B; o topete meio Prince meio Elvis; a voz e o rosto lembrando o rei Michael ainda criança. Todas essas referências resultam numa jovem cantora com um enorme potencial. Fico na torcida por um futuro brilhante, ela merece.
Jay Kay, do Jamiroquai, já chegou causando. Todo carismático, o inglês sustentou um cocar com uma túnica estilo peruana e arrasou no groove.
Stevie realmente não chama a atenção pela roupa. Mas como Jimi Hendrix já se foi, agora é "Hendrix no Céu e Wonder na Terra" e não tem mais.


Gente, por hoje é só. A semana de arte moderna me espera para um seminário na 2ª e ainda nem comecei!
Vou fazer um post separado para as fotos.


#Come Alive - Janelle Monáe

Cruzes

Pouquíssima energia, apesar de muita vontade e coisas a dizer... já vi que a noite vai ser curta, não aguento mais começar a escrever e virar o dia e nesse ciclo vicioso eu perco vários dias!

O próximo post eu prometo me dedicar ao Rock in Rio. Em algum, mais pra frente, falo melhor do blog Cruzes, que é uma criação da minha tia Tiza Lobo. Eu participei produzindo parte dos figurinos e sou uma personagem. Depois eu explico melhor, vou usar até num trabalho da faculdade. Quem puder, dá uma lida. ;)

Por hoje é só.


#Smooth - Santana

Saturday, October 1, 2011

Elvis e Madona

O figurino desse filme não é o que mais impressiona. Sob uma estética kitsch, o diretor Marcelo Laffitte entra no universo gay de Copacabana com uma visão que me parece inédita. Filme sobre a comunidade LGBT (me corrijam se eu estiver errada, e tomara que esteja) geralmente traz uma estética meio suja, meio submundo. Elvis & Madona* mostra, de forma limpa, simples e bonita, a história de amor entre uma lésbica e um travesti.

Elvis é Elvira, uma menina do interior que veio para o Rio ser fotógrafa. Para o Rio, para Copacabana. Madona nasceu Adailton, sonha em fazer um show só dela e trabalha num salão de cabeleireiros no Rio. No Rio não, em Copacabana. Elvis arranja um trabalho de entregadora de pizza, para pagar as contas, e na sua primeira entrega conhece Madona que tinha acabado de ser roubada. A empatia é imediata e o resto só vai saber quem assistir! Há.

Jaqueta preta, calça jeans e uma blusinha de malha com cara velha compõe o figurino de Elvis. O cabelo joãozinho preto completa o clássico look rebelde do rock'n'roll (aliás, falando em Rock, quando o Rock in Rio acabar quero falar sobre as principais figuras que por aqui passaram, e seus figurinos). Ao contrário do imaginário cultural que envolve os travestis, Madona não está sempre com plumas e paetês. O cabelo loiríssimo é, na maioria das cenas, o mais extravagante traço dela. As pérolas, lantejoulas e saias curtas estão na medida certa: real e um pouco brega, mas não vulgar.

Senhoras e senhores,
Apresentamos agora para vocês, ela - que é luz, raio, estrela e luar:
Lady Madona!

Igor Cotrim, que está irreconhecível na pele da travesti Madona.
Ele até que lembra um pouco o Fábio Assunção, não?
Madona e Elvis



Droga, demorei tanto para lançar o post que já virou o dia...

* o link é para o site oficial do filme e não para o imdb (como de costume) porque o imdb é muito fraco para filmes nacionais.