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Saturday, October 1, 2011

Elvis e Madona

O figurino desse filme não é o que mais impressiona. Sob uma estética kitsch, o diretor Marcelo Laffitte entra no universo gay de Copacabana com uma visão que me parece inédita. Filme sobre a comunidade LGBT (me corrijam se eu estiver errada, e tomara que esteja) geralmente traz uma estética meio suja, meio submundo. Elvis & Madona* mostra, de forma limpa, simples e bonita, a história de amor entre uma lésbica e um travesti.

Elvis é Elvira, uma menina do interior que veio para o Rio ser fotógrafa. Para o Rio, para Copacabana. Madona nasceu Adailton, sonha em fazer um show só dela e trabalha num salão de cabeleireiros no Rio. No Rio não, em Copacabana. Elvis arranja um trabalho de entregadora de pizza, para pagar as contas, e na sua primeira entrega conhece Madona que tinha acabado de ser roubada. A empatia é imediata e o resto só vai saber quem assistir! Há.

Jaqueta preta, calça jeans e uma blusinha de malha com cara velha compõe o figurino de Elvis. O cabelo joãozinho preto completa o clássico look rebelde do rock'n'roll (aliás, falando em Rock, quando o Rock in Rio acabar quero falar sobre as principais figuras que por aqui passaram, e seus figurinos). Ao contrário do imaginário cultural que envolve os travestis, Madona não está sempre com plumas e paetês. O cabelo loiríssimo é, na maioria das cenas, o mais extravagante traço dela. As pérolas, lantejoulas e saias curtas estão na medida certa: real e um pouco brega, mas não vulgar.

Senhoras e senhores,
Apresentamos agora para vocês, ela - que é luz, raio, estrela e luar:
Lady Madona!

Igor Cotrim, que está irreconhecível na pele da travesti Madona.
Ele até que lembra um pouco o Fábio Assunção, não?
Madona e Elvis



Droga, demorei tanto para lançar o post que já virou o dia...

* o link é para o site oficial do filme e não para o imdb (como de costume) porque o imdb é muito fraco para filmes nacionais.

Wednesday, September 7, 2011

Caracterização

Muita gente duvida do que caracterização pode fazer por um espetáculo. Se ela é bem feita, serve de apoio para o trabalho do ator... mas se o contrário acontece, pode acabar prejudicando o personagem. Não quero fazer um post grande sobre isso não e assim que der eu juro que posto sobre Meia-noite em Paris. Vou direto ao ponto:

Viúva Porcina (Roque Santeiro, 1985)
Raquel (Vale Tudo, 1989)
Clô Hayalla (O Astro, 2011)
Três momentos marcantes da carreira de Regina Duarte, talvez até os 3 melhores. Optei por falar de personagens que conheço, de novelas que eu vi, se não seria um simples Ctrl+C, Ctrl+V que qualquer um é capaz de fazer. Viúva Porcina é o escândalo, os anos 1980 "em pessoa" e sua maquiagem, cores fortes e suas estampas ela se tornou um ícone. Porcina precisa ser gritante em todos os aspectos, se não seria uma qualquer como a Raquel, que é da mesma década e também abusa das ombreiras, por exemplo, mas a paleta pálida dá o tom chato da personagem. E agora a nova e maravilhosa Clô Hayalla, LOCA demais não seria nada sem esse topete meio hairspray e figurino totalmente kitsch.
E Bruno Gagliasso, que me surpreende cada vez mais. Seus dois últimos personagens, Berilo e Timóteo, foram ajudados pela mão de Deus (ou, de um bom figurinista). Berilo era literalmente um malandro, um "italiano safado" que não gostava de trabalhar e tinha duas esposas - e enriqueceu às custas delas. A blusa aberta e clara, óculos escuros e ocasionais cordões são o must have de qualquer malandro que se preze. Já Timóteo, é nascido em berço de ouro, filho de Coronel do sertão, que ao longo da trama enlouqueceu e acabou lembrando seu esquizofrênico de Caminho das Índias (2009). Uma foto já basta para perceber a influência neoclássica: Napoleão Bonaparte é a referência principal de figurino do auto-intitulado Rei do Sertão.

Berilo (Passione, 2010)
Timóteo Cabral (Cordel Encantado, 2011)

Mas tem também aquela produção que acaba comprometida pela caracterização dos personagens. Não consegui nenhuma foto à altura, mas uma coisa que me roía por dentro era a mania de um ombro só que tinha na última do Gilberto Braga... nunca vi tanta coisa cafona-contemporâneo junto!
Por hoje é só. Queria entender porque agora eu dei pra postar só de madrugada, quando eu escrevo pior que o normal e perco as ideias... além do Woody Allen que já está virando lenda, penso em algo sobre fantasias ou o espírito das roupas. E lembrar de filmes e peças, pra variar um pouco o assunto.


#Roque Santeiro - Sá e Guarabira