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Saturday, November 12, 2011

Natasha de Dirceu

Eu sei que eu falei que o próximo post (lá de quando eu falei de Vamp) seria sobre cinema ou teatro - e já não foi, porque eu falei do top ciganinha da Babalu - mas estou com pressa e não gosto de deixar mais de dois dias sem nada, então... aí vai o trabalho que eu tinha falado, em que comparo Natasha com Marília de Dirceu.

Referências de Vamp

Reforçando o famoso bordão de Chacrinha: “Na televisão nada se cria, tudo se copia”, a novela Vamp é um híbrido de várias influências: no tema, que trata de vampirismo; na caracterização da personagem principal, que remete a passagens da poesia lírica Marília de Dirceu; e em muitas referências da cultura pop.

Vamp não tem o menor compromisso com a realidade. A novela é feita nos moldes de comédia e voltada para o público infanto-juvenil. Por isso, o autor aliou uma pesquisa histórica a referências da cultura pop, como a trilha sonora, que traz clássicos do rock como Sympathy for the devil (numa versão gravada por Claudia Ohana, intérprete de Natasha) junto a músicas de Michael Jackson, Guilherme Arantes, Beach Boys, entre outros.

O mito dos vampiros foi imortalizado pelo personagem Conde Drácula, de Bram Stocker (de 1897, considerado do gênero literário romântico), que por sua vez, foi inspirado no conde Vlad Tepes, que viveu na Romênia do século XV. Reza a lenda que durante uma batalha, o conde foi atingido na cabeça e desmaiou. Imediatamente seu exército bateu em retirada, levando o corpo, mas no processo o conde acordou, ordenou que retornassem à batalha e com isso ganhou fama de ter voltado dos mortos, como um morto-vivo. O personagem antagonista da novela, que é o vampiro mais temido e poderoso da história, se chama Vlad.

Natasha, a protagonista do folhetim, se torna vítima de Vlad e Capitão Jonas passa a representar um amor impossível, resgatando o sentimento do lirismo provençal. Apesar da aparente força, a personagem é frágil e confusa, e seu único objetivo é se livrar da maldição e se tornar novamente mortal. Ela é a mulher que precisa ser salvada. Acaba se apaixonando por Lipe Rocha, filho do capitão, e passa a acreditar, então, que este seria seu salvador. A moça é movida pelo amor e faz de tudo para proteger seu amado da inveja dos outros vampiros da história (Conde Vlad e o empresário responsável pelo sucesso da cantora, Gerald Lamas).


Os seus compridos cabelos,

Que sobre as costas ondeiam,

São que os de Apolo mais belos;

Mas de loura cor não são.

Têm a cor da negra noite;

E com o branco do rosto

Fazem, Marília, um composto

Da mais formosa união.

--

Dos rubis mais preciosos

Os seus beiços são formados;

Os seus dentes delicados

São pedaços de marfim.


Esse é o quadro Marília de Dirceu, de Guignard.

#Black Eyed Peas - TV ligada no SWU.

Thursday, November 10, 2011

Curtinho, 4x4

Manou, top ciganinha é aquela blusa curtinha e fofinha que a Letícia Spiller usava em Quatro por quatro. Eu tinha só 4 anos, mas é a primeira novela que me lembro... não lembro de tudo não, mas da Babalu e Raí eu lembro, era ela e o Marcello Novaes. E o figurino da Babalu virou ícone e, hoje em dia, referência. Você não lembra mesmo de nada parecido?

Wednesday, November 9, 2011

Vamp

Finalmente, já que a novela está na reta final de sua reprise no canal Viva, vamos então nos divertir com as figuras vampirescas que entraram pra história! O figurino é assinado pelo gênio Lessa de Lacerda (que, segundo o memória globo, começou sua trajetória na emissora em Roque Santeiro, isso já diz muito né). Não acompanhei na época, mas minhas irmãs se lembram da sensação que a vamp rock'n'roll Natasha causou... mais ou menos como a pulseira-anel da Jade em O Clone ou o top ciganinha de Babalu em Quatro por quatro (figurino também de Lessa).

Realmente acho essa novela sensacional. O texto é divertidíssimo, os atores são excelentes - oi, Patrycia Travassos, desculpa mas vc não devia ter feito mais nada depois dessa novela, especialmente os comerciais insuportáveis de Activia - e o figurino ajuda a compor essas caricaturas vampirescas (porque, obviamente, o figurino dos "malvados" é mais interessante). Do lado negro da força temos Ney Latorraca, Patrycia Travassos, Otávio Augusto e Paulo Gracindo em participação especial são os melhores. Os bonzinhos têm como líder Reginaldo Farias em mais um papel brilhantemente apático, um Fábio Assunção em seu melhor momento e Claudia Ohana, a vampira-vítima, genial.

A parte mais interessante do figurino era o núcleo malvado, especialmente a armadura de guerra de Conde Vlad (Latorraca) e a família Mattoso (Patrycia, Otavio Augusto, Flavio Silvino e André Gonçalves debutando) que era uma coisa meio rock'n'roll extravagante, cafona... demais! As roupas de Natasha são um espetáculo à parte - devo lembrar que, quem ainda acha que figurino é moda, vai achar que eu sou louca; mas figurino não é moda, a moda dos anos 90 era a coisa mais cafona do universo, mas o figurino da Natasha te dá exatamente a sensação de cantora pop. Logo, nesse sentido, é sim genial. Vamos às fotos.

Os filhos do capitão Rocha.
Alguém mais sentiu uma vibe família Von Trapp?
Os filhos de Carmen Maura, que se casa com o capitão.
Oi, isso é super Os meus, os seus e os nossos.
Família Matoso, Gerald Lamas (Guilherme Leme, máilove) e Vlad (Latorraca)
Matoso e Mary, sensacionais.
Nunca vou esquecer da voz agudinha da Patrycia Travassos falando
"Eu, Ma-ry Ma-toso..."
Natasha e Vlad, mó climão.
Natasha.

O que eu acho mais genial desse roteiro é a inter(textualidade?)
Tudo tem referência, que vão por escritores super conceituados, filmes, outras novelas, cultura pop... os filhos da Carmen Maura, por exemplo, se chamam Helena (de Tróia), Scarlett (O'Hara), Dorothy (Mágico de Oz), Léon (Tolstoi), Rubem (Fonseca) e Sigmund (Freud).
O personagem do Evandro Mesquita é um palhaço do Circo Planador (Circo Voador).
E por aí vai... já usei Vamp até num trabalho da faculdade, comparando Natasha com o poema árcade Marília de Dirceu, de José de Alencar. Até gostei do resultado, mas isso fica pra outro post.


#Noite Preta - Vange Leonel
(porque esse post pedia essa música, tema da abertura da novela HAHA)

Thursday, October 6, 2011

Fina Estampa

Hum, acho que já teve capítulos suficientes para eu comentar Fina Estampa. Muita gente não sabe do que se trata, é a novela das 21h atual, de Aguinaldo Silva. O tema da novela é (uma recorrente lição de moral): as aparências enganam. As personagens centrais são Griselda, moça trabalhadora que não liga para as aparências, e Tereza Cristina, rica de berço que nunca teve que levantar um dedo, absolutamente frívola. E como toda novela que se preze, há um homem entre elas.

Griselda é pobre e ganha a vida com o suor do trabalho. É uma espécie de faz-tudo, honesta, educou os três filhos para serem sempre corretos, falar a verdade... (isso não acontece, mas não vou entrar muito na história da novela) e por isso não liga para aparências. Uma mulher que vive mexendo em canos, fios, motores, etc etc, portanto, não é vaidosa. Sua personalidade é impressa no fingurino, que não muda: um macacão cinza, largo, com bolsos onde ela pode guardar as ferramentas de trabalho.

Não aguento mais demorar pra dar o ok e o post sair só no dia seguinte. Hoje vão só essas duas, depois eu falo mais dos outros personagens porque, em geral, Beth Filipecki tá acertando muito! Vamos lá, dona Tereza Cristina. Uma mulher elegante, fútil, mesquinha e, em termos dramatúrgicos (ou dramáticos), é uma vilã. Suas roupas dão destaque para o colo, está sempre pulseiras e anéis de ouro, tecidos finos que caem perfeitamente em seu corpo. O exato oposto de Griselda. A base da novela é isso, essa oposição que rende ótimas atuações e é muito bem reforçada pelo figurino - mesmo dos personagens que eu discordo... mas isso fica pra depois.

A foto é ótima, porque além de mostrar o figurino de cada uma, evidencia a subordinação de Griselda (abaixada à esquerda) e a postura de Cristiane Torloni ilustra a superioridade de sua personagem (em pé, de vermelho)

Wednesday, September 7, 2011

Caracterização

Muita gente duvida do que caracterização pode fazer por um espetáculo. Se ela é bem feita, serve de apoio para o trabalho do ator... mas se o contrário acontece, pode acabar prejudicando o personagem. Não quero fazer um post grande sobre isso não e assim que der eu juro que posto sobre Meia-noite em Paris. Vou direto ao ponto:

Viúva Porcina (Roque Santeiro, 1985)
Raquel (Vale Tudo, 1989)
Clô Hayalla (O Astro, 2011)
Três momentos marcantes da carreira de Regina Duarte, talvez até os 3 melhores. Optei por falar de personagens que conheço, de novelas que eu vi, se não seria um simples Ctrl+C, Ctrl+V que qualquer um é capaz de fazer. Viúva Porcina é o escândalo, os anos 1980 "em pessoa" e sua maquiagem, cores fortes e suas estampas ela se tornou um ícone. Porcina precisa ser gritante em todos os aspectos, se não seria uma qualquer como a Raquel, que é da mesma década e também abusa das ombreiras, por exemplo, mas a paleta pálida dá o tom chato da personagem. E agora a nova e maravilhosa Clô Hayalla, LOCA demais não seria nada sem esse topete meio hairspray e figurino totalmente kitsch.
E Bruno Gagliasso, que me surpreende cada vez mais. Seus dois últimos personagens, Berilo e Timóteo, foram ajudados pela mão de Deus (ou, de um bom figurinista). Berilo era literalmente um malandro, um "italiano safado" que não gostava de trabalhar e tinha duas esposas - e enriqueceu às custas delas. A blusa aberta e clara, óculos escuros e ocasionais cordões são o must have de qualquer malandro que se preze. Já Timóteo, é nascido em berço de ouro, filho de Coronel do sertão, que ao longo da trama enlouqueceu e acabou lembrando seu esquizofrênico de Caminho das Índias (2009). Uma foto já basta para perceber a influência neoclássica: Napoleão Bonaparte é a referência principal de figurino do auto-intitulado Rei do Sertão.

Berilo (Passione, 2010)
Timóteo Cabral (Cordel Encantado, 2011)

Mas tem também aquela produção que acaba comprometida pela caracterização dos personagens. Não consegui nenhuma foto à altura, mas uma coisa que me roía por dentro era a mania de um ombro só que tinha na última do Gilberto Braga... nunca vi tanta coisa cafona-contemporâneo junto!
Por hoje é só. Queria entender porque agora eu dei pra postar só de madrugada, quando eu escrevo pior que o normal e perco as ideias... além do Woody Allen que já está virando lenda, penso em algo sobre fantasias ou o espírito das roupas. E lembrar de filmes e peças, pra variar um pouco o assunto.


#Roque Santeiro - Sá e Guarabira

Wednesday, August 31, 2011

Cordel Encantado

Estampas coloridonas, rendas e tecidos mais rústicos junto com modelos de diversas épocas da história, ainda mais numa super harmonia: foi assim minha lua-de-mel com a novela Cordel Encantado que, pelo que andei lendo, está para acabar. O mundo das fantasias criado por Thelma Guedes e Duca Rachid já encantou até quem não gosta de novela! Boa parte desse encantamento, pelo menos no meu caso, está nos cenários de sonho e no figurino, que junta com maestria o que há de mais bonito e aconchegante no Nordeste com influências completamente
aleatórias da história da indumentária.
Andei lendo algumas matérias com análises mais específicas de cada personagem e estou gostando ainda mais, se isso for possível. Tem roupa feita de patchwork, crochet e até toalha de mesa, é criatividade que não acaba. Além de refletirem a personalidade dos personagens (que é o principal propósito de um figurino) alguns têm até inspirações inusitadas, como misturar uma estética futurista à la Guerra nas Estrelas com modelos medievais/renascentistas. E dá tudo certo. Até o que no começo me incomodava, como o "desleixo" da farda do Rei Augusto, hoje faz sentido: ele é um romântico, não é um general sério e, portanto, não precisa estar impecável. Não sei se é proposital, mas é uma boa desculpa.
A vilã tem uma paleta mais escura e abusa de detalhes
extravagantes, como os acessórios de cabeça e ombreiras.
Rosa é uma menina romântica e doce, e seu temperamento
é facilmente identificado no figurino.
Rei Augusto, um romântico que só quer
voltar ao seu reino na companhia da filha,
acaba se apaixonando por uma sertaneja.
O figurino de Açucena desde o começo se diferenciava
dos outros: a protagonista usa roupas mais trabalhadas
e coloridas que a dão um charme especial.
No começo eu não gostava do figurino da Rainha Helena,
mas quando descobri que suas referências são um crossover
de Guerra nas Estrelas com indumentária Gótica,
achei muito interessante.
(e reconheço nessas mangas um quê de Renascimento)

Acho muito legal essa novela ser de época e ao mesmo tempo não ser de nenhum período específico. Outros exemplos, como os trajes meio Napoleão usados pelo coronel Timóteo, ou a modernidade de uma mulher que usa calça comprida e as peças de metal e couro do cangaço, só reforçam o hibridismo criado por Marie Salles e Karla Monteiro. E rapidinho isso virou referência... Parabéns!
Eu mesma, na festa junina, usei uma "saia açucena" e já aderi ao estilo saia longa de cintura alta... depois coloco uma fotinho aqui.

#Jazz Me Blues - Original Dixieland Jazz Band