Thursday, October 20, 2011

Hora de voltar


Esse é um dos filmes que eu citei mês passado, no post sobre perdas. Vou me referir pelo título original Garden State que acho mais bonito, mas o título desse texto é a versão brasileira. Primeiro filme dirigido por Zach Braff (o JD de Scrubs). Esse filme é maravilhoso - sei muito bem que não é pra qualquer público, mas me atinge. A história é que Andrew volta para casa para o enterro da mãe. Ele não botava os pés na cidade há dez anos e tem péssima relação com o pai. Nessa jornada conhece Sam (uma Natalie Portman muito anterior a Cisne Negro), uma garota com epilepsia que insiste em ser one of a kind (acho que "única" é uma palavra muito comum para descrevê-la). Em diversos momentos ela resolve fazer uma coisa - um som, um movimento, uma expressão - inusitada, algo que ninguém fez antes e, nesse momento, ela se sente especial.

Andrew começa o filme confuso com o peso de ter que voltar a um lugar do qual se distanciou tanto, física e emocionalmente. Depois de conhecer Sam, ele inicia uma espécie de autoconhecimento. No fim já está certo do que quer e com a vida mais esclarecida. A direção de arte e o figurino cumprem um papel fundamental nessa narrativa. Além disso, a trilha sonora ajuda a compor de maneira lúdica e (até certo ponto) realista esse encontro que parece tão natural. Entre o homem que é estranho em sua própria terra e a garota que nova ali, mas já é de casa. Foi quando conheci The Shins, obrigada Zach!

No começo, o personagem se confunde com os cenários: roupa branca em fundo claro, preta em fundo escuro, cinza em dias nublados. Ele passa sem nenhum destaque, enquanto Sam desde a primeira cena causa contraste com seus elementos que tendem para o magenta (rosas, vermelhos, laranjas...) em cima dos cenários neutros. *spoiler* Ao longo da história, conforme o próprio roteiro vai se soltando, Andrew fica mais leve - visualmente, inclusive. Os cenários continuam muito frios, em tons de cinza, e o figurino dele fica mais leve e começa a contrastar. O protagonista finalmente se destaca, ganha vida.

No funeral da mãe, Andrew ganha uma camisa da tia e entra no banheiro para experimentar.
Não é que combinou?
Sam em destaque, enquanto Andrew e o amigo Mark (Peter Sarsgaard, my love) ficam apagados. Ainda assim, esse é mais ou menos o turning point para o protagonista, e o preto contrasta um pouco mais com a mata chuvosa que o cinza.
Na última cena, já esclarecido, Andrew se destaca do fundo branco de aeroporto com a blusa vermelha. Os tons terra fazem alusão, também, a ele estar mais centrado.

#The only living boy in New York - Simon e Garfunkel
(trilha do filme mode:on)

5 comments:

Zé Rodrigo said...

Vou apresentar seu Blog para o Blog de um amigo paulistano, o Victor Fisch, filho do Fisch, meu amigo que voces conheceram. Ele fez Cinema e trabalha com isto, e também tem um Blog sobre os 100 melhores filmes segundo o gosto dele.
http://100melhoresfilmes.blogspot.com/

Maria said...

Boa, tio!

M said...

Seu texto me capturou...quero ver o filme!

Marina said...

M de Mami!

diza said...

faltou um spoiler alert, né?