Monday, October 31, 2011

Século XV

Não sei quem é Lil que comentou no último post, mas vou esclarecer o motivo da minha indignação com o figurino de Histórias do Amor. A maioria das pessoas realmente não faz ideia do quanto mudou a indumentária nesses três séculos ou a importância disso para o período e a própria arquitetura. No Rococó, por exemplo, quando Maria Antonieta aumentou absurdamente a lateralidade de seus vestidos - e, com isso, inspirou as mulheres da corte a fazerem o mesmo - as portas dos palácios passaram a ser duplas e os sofás, individuais. Além do mais, gastava-se tanto tecido para confeccionar uma roupa inteira (chemise, anágua, crinolina, camadas de saia, vertugardin, mangas, meias, golas, rendas e babados) que o preço era algo astronômico. Não foi só isso, mas a jovem rainha ajudou a levar a França para o buraco - que, mais tarde, culminou na sua decapitação e na Revolução Francesa, mas isso é outra história...

Enfim, minha proposta agora é mostrar como a indumentária do Século XV era extremamente diferente disso - quase que nada a ver. O período renascentista pretendia romper com a Idade Média em todos os sentidos, fosse na arte, filosofia, literatura, moda, etc. Antes as roupas eram extremamente verticais, seguindo a linha de toda a produção artística e a arquitetura gótica, acreditavam quanto mais alto, estariam mais próximos de Deus. Bem, a indumentária renascentista começou, sim, a lateralidade; mas nada comparado ao que se observa nos séculos que se seguiram. Nessa caso, como na maioria dos meus exemplos, as fotos falam muito melhor.


Esse quadro de ilustrações faz um panorama da indumentária da Idade Média.
Ao contrário do imaginário popular, o período não foi nem um pouco um "período de trevas"
Para começo de conversa, é de lá o sentimento lírico que conhecemos (e erroneamente chamamos de romântico) que traz um modelo de homem ao mesmo tempo heroico e sensível.
O quadro inferior direito dessa ilustração mostra uma indumentária mais renascentista, já pendendo para a lateralidade.

The Family of Henry VIII: An Allegory of the Tudor Succession, 1572.
Não há registro de quem teria feito esse retrato, mas o estilo é semelhante ao de Lucas de Heere.

Elenco da série The Tudors, que apresenta um figurino extremamente pesquisado e bem construído. Vencedor dos prêmios Costume Design Guild Awards e incontáveis Emmy Awards em figurino e direção de arte.

Quem lembra do post de Cordel Encantado? A Rainha Helena, segundo as figurinistas da novela, mistura referências de Guerra nas Estrelas com indumentária Gótica... embora, como já disse, reconheça nessas mangas "gordinhas" o Renascimento.

Por fim, Maria Antonieta, numa pintura - que é pra ninguém dizer que estou sendo implicante.
Os vestidos dela eram muito mais laterais que os renascentistas.


#Olhos nos olhos - Chico Buarque

4 comments:

rafael said...

Cadê o botão de like?

Mas aí, fiquei curioso com as tais roupas góticas, fui dar uma olhada no google (como se diz indumentária em inglês??) e achei isso, é essa a ideia? Porque realmente todo mundo parece arco de igreja hahaha

Maria Ricota said...

é isso mesmo, lembro da aula que eu aprendi isso fiquei tipo "hã??" hahaha, as mulheres com aqueles chapéus de fada de história de criança e os homens com calças justíssimas e coloridas
é na verdade uma coisa super atual, dependendo de como for usada né...

mas vc é qual Rafael?
(:

Lil said...

Adorei o post explicativo. Eu realmente sabia que devia haver uma grande diferença devido a 300 anos de distância, e só imaginei o pensamento de quem fez os figurinos da série sem dar a devida atenção a concordância entre época e figurino.(foi até por isso que pedi pra não me matar: dois absurdos num post só - marcar a cintura do Poiret foi o segundo!)
Anyway, valeu pela pesquisa e explicação que se seguiu, vou te trollar mais vezes pra saber mais sobre história e moda! ;)

Jéssica A. said...

É isso ai Maria dê uma pequena lição de história para o mundo ele tá precisando, mesmo que seja nas pequenas coisas.